Paradigma

Vai para um ano que o Mundo, tal como o conhecíamos, mudou. Grande parte do que dávamos como adquirido até então foi posto em causa pelo alastramento do Coronavírus a nível mundial. Vimo-nos forçados a repensar as nossas rotinas, os nossos gestos, as nossas relações interpessoais. Fomos obrigados, aqueles cujas funções o permitiu, a trabalhar a partir de casa. Outros, nessa impossibilidade, tiveram que continuar a deslocar-se para o seu local de trabalho ou durante o exercício das suas funções, por serem consideradas indispensáveis.

De todas as dimensões vivenciais que sofreram alterações devido à pandemia, a mobilidade foi das que mais revelou necessidades de mudança. Desde os que procuraram evitar as aglomerações de pessoas nos transportes públicos, ou que repentinamente se viram privados dos seus serviços, aos que deixaram de ter a boleia que lhes garantia as suas deslocações diárias, aos que perderam os empregos e a possibilidade de suportar as despesas associadas ao seu transporte, muitos foram os que se viram na necessidade de repensar os seus hábitos de mobilidade. Questões que antes eram discutidas ao de leve, tornaram-se prementes de um momento para o outro.

Muitos trocaram os meios motorizados pela bicicleta, pela trotinete ou pelo andar a pé para percorrerem distâncias mais curtas. Outros, na falta de alternativas viáveis, viram-se forçados a ir no sentido contrário, trocando os transportes coletivos pelo individual, para se protegerem. Qualquer que tenha sido a opção tomada, a propagação deste vírus, de forma repentina e transversal a toda a geografia mundial, veio pôr a nu a necessidade de repensarmos a mobilidade das nossas cidades e dos nossos países, num sistema articulado e integrado onde todos os atores e meios sejam tidos em conta.

A inversão da pirâmide da mobilidade, que lentamente vinha colocando no topo os meios suaves em detrimento do automóvel, posicionado na sua base, foi completamente baralhada pelos acontecimentos recentes. Os paradigmas de há um ano, não são certezas hoje.

Soluções? Não as tenho. Tenho apenas a certeza de que teremos de trabalhar em conjunto para (re)pensar a mobilidade que queremos no nosso futuro. Pensamos juntos?

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