Na manhã deste domingo, um grupo de ciclistas foi violentamente abalroado por um automóvel que circulava em velocidade excessiva na Avenida António Macedo, em Braga. De acordo com as notícias publicadas pela comunicação social e com os relatos que têm vindo a público, houve vários feridos e um dos ciclistas perdeu a vida.
A Braga Ciclável recebeu com tristeza esta notícia, e partilha essa dor e tristeza com os amigos e familiares das vítimas. Também nós acreditamos que não é admissível continuarem a acontecer, em plena cidade, acidentes como este. Cada vida que se perde, cada ciclista que é atropelado na estrada, leva consigo um pedaço da felicidade de todos os que o rodeiam. Em momentos como este, ninguém sai a ganhar. Todos perdem. O desleixo das autoridades, os excessos dos condutores, a indiferença da sociedade em geral, saem caro, muito caro.
É por isso urgente aplicar medidas efetivas de acalmia de trânsito. A responsabilidade para evitar estas mortes e ferimentos, e todo o sofrimento e prejuízo que daí advêm, cabe a todos.
Cada condutor tem uma responsabilidade individual, que se reflete no tipo de condução, na velocidade a que escolhe circular (e não, não somos obrigados a seguir a corrente, não somos obrigados a circular à velocidade máxima permitida, e muito menos a velocidades superiores a esse limite), no cuidado com que mantém as distâncias de segurança e a permanente atenção a todos os utilizadores da via pública, incluindo peões e ciclistas. É inaceitável matar alguém na estrada só porque se vai com mais pressa e se circula num veículo rápido e mais pesado. Cada condutor tem de ser responsabilizado pelos seus atos e pelas consequências que deles advêm, porque não há seguro algum que possa devolver as vidas roubadas a peões e a ciclistas como este que perdeu a vida no passado domingo.
As forças de segurança e autoridade têm também a responsabilidade de sensibilizar e fazer cumprir a lei. Sabemos que nas ruas e avenidas de Braga continuam a ser praticadas velocidades excessivas e que, infelizmente, ainda é prática corrente o perigosíssimo uso do telemóvel durante a condução. É urgente combater esses comportamentos de risco, que causam acidentes e que ferem com gravidade e matam pessoas.
Finalmente, mas não menos importante, à autarquia cabe o fundamental papel de remodelar a nossa rede viária, implementando mecanismos que aumentem a segurança para todos os utentes, independentemente da sua forma de locomoção. Não é concebível que a maior zona habitacional de Braga seja atravessada por uma via onde se praticam velocidades muito superiores a 50km/h, numa altura em que várias cidades europeias apostam em força no limite máximo de 30km/h como forma de aumentar a segurança. A acalmia de trânsito deve pois ser uma prioridade, para que acidentes como este não voltem a acontecer.
É urgente acabar com os atropelamentos em Braga. A estrada é de todos, a estrada tem de ser segura para todos!
Fotos gentilmente cedidas pelo nosso leitor e amigo Carlos Veríssimo.
A Circular Urbana de Braga não pode ter modos suaves a partilharem a via com o tráfego automóvel, tem que ser segregado fisicamente, não é compatível a circulação partilhada. A CMB está a cometer um erro grave ao permitir a circulação de ciclistas nas vias automóveis da CUB.
As Avenidas António Macedo, Padre Júlio Fragata e Frei Bartolomeu dos Mártires não são uma circular. São Avenidas urbanas. O erro não está em permitir a circulação de bicicletas. Está em não garantir que as pessoas possam usar o espaço público de forma segura. Está em não garantir o cumprimento das velocidades. Está em não introduzir medidas de acalmia de tráfego que permitam uma sã convivência entre todos. Estamos a falar de 3 avenidas urbanas com o total de 5 km de comprimento, com passeios, janelas, entradas de prédios, entradas de garagem, cafés, restaurantes, acessos a serviços. Não estamos a falar de Avenidas sem vida, bem pelo contrário.
É confrangedor quando alguém não sabe distinguir uma circular de uma avenida urbana, a partir daí é o vale tudo, safam-se as AEs pagas e de resto vai tudo a eito.
A Variante Sul (Padre Júlio Fragata e Frei Bartolomeu) e a Variante Norte (António Macedo) são a parte integrante da Circular Urbana, foram construídas como tal, desempenham essa função e são as vias com mais TMD do município. Fazem parte das vias estruturantes regionais de Braga, com função supra municipal.
Atirar ciclistas para a circulação partilhada numa circular urbana é sempre um erro seja em que país for.
O erro está em não saber qualificar a circular urbana, quando a área urbana se consolidou no seu entorno. Não é com passadeiras e semáforos nas vias da circular, mas sim, a cidade ficar com a superfície, e a circular ser remetida para o subsolo. Fazer desnivelamento, separar tráfego local de tráfego de atravessamento, separar o espaço público e as vias que se pretendem locais, da via com maior TMD do município que é remetida para o subsolo.
É só ver os exemplos pela Europa fora. A outra opção é definir uma circular com um traçado mais periférico.