De Sharm el-Sheikh a Braga

Decorre, por estes dias, em Sharm el-Sheikh, no Egito, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27. Nela, pretende-se que exista uma ambição reforçada dos líderes mundiais, no que diz respeito aos compromissos de redução de emissões até 2030, de modo a se alinharem com os objetivos do Acordo de Paris. No Acordo de Paris, a comunidade internacional comprometeu-se a “Manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e não medir esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais”. Para tal, estima-se que até 2030, as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) precisem de ser diminuídas em cerca de 50% e, em 2050, seja atingida a neutralidade carbónica.

Desde a época pré-industrial, o planeta já aqueceu 1,2ºC e, num cenário não muito pessimista, onde as emissões globais de GEE começam a diminuir em 2050, prevê-se que a temperatura global aumente 2,7ºC até 2100. Tal facto, traria impactos muito significativos no mundo em que vivemos e no que deixamos aos nossos filhos. O caminho para neutralidade carbónica tem de ser mais rápido do que isso e é um enorme desafio para as nossas comunidades.

Em linha com o Acordo de Paris, o Município de Braga apresentou em março deste ano o Plano de Ação Energia Sustentável e Clima (PAESC). Nele, prevê reduzir em 55% as emissões de GEE até 2030 e atingir a neutralidade carbónica em 2050.  De acordo com o reportado na comunicação social, o PAESC prevê uma redução de 50% das emissões relacionadas com os transportes, o que faz sentido, já que, de acordo com o Relatório de Sustentabilidade publicado em 2021 pelo Município de Braga, os transportes em estrada foram responsáveis, em 2019, por 64% do total de emissões de GEE no concelho. Estes objetivos, são tão meritórios como desafiantes, nomeadamente se tivermos em conta que, também de acordo com o Relatório de Sustentabilidade, as emissões dos transportes em estrada aumentaram, em Braga, 17% entre 2015 e 2019.

A mobilidade é, portanto, um aspeto determinante no caminho para a neutralidade carbónica de Braga. Faltam oito anos para 2030 e o caminho a percorrer é grande. Se for feito de bicicleta, será mais rápido.

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