No passado dia 23 de Dezembro, completaram-se 10 anos desde que a primeira fase da Ciclovia da Encosta de Lamaçães foi inaugurada. Estávamos em 2005, Braga carecia de infraestruturas dedicadas aos utilizadores da bicicleta, e a construção de uma ciclovia era vista por muitos cidadãos como uma excelente oportunidade para diversificar finalmente as suas opções de mobilidade. Envolta em polémica desde o início, esta ciclovia era aplaudida por uns e criticada por outros.
Dez anos depois, mantêm-se os graves problemas de segurança, já nessa altura apontados pelos utilizadores diários da bicicleta e mais recentemente também denunciados pelo blog Braga Ciclável, bem como uma escandalosa falta de manutenção que diariamente coloca em risco todos quantos se aventuram a circular naquela via:
![Rotundas sem proteção](https://bragaciclavel.pt/wp-content/uploads/2015/12/IMG_1641.jpg)
![Lancis perigosos do lado da ciclovia](https://bragaciclavel.pt/wp-content/uploads/2015/12/IMG_4733.jpg)
![Ciclovia localizada entre a via de trânsito automóvel e os estacionamentos.](https://bragaciclavel.pt/wp-content/uploads/2015/12/IMG_4732.jpg)
![O espaço destinado à ciclovia é sempre utilizada para estacionamento ilegal de automóveis, colocando em perigo os utilizadores diários da ciclovia.](https://bragaciclavel.pt/wp-content/uploads/2015/12/IMG_4736.jpg)
![A Ciclovia continua a servir para Lazer, não está ligada a nenhum sítio, o que leva a que seja uma espécie de circuito. Não forma rede.](https://bragaciclavel.pt/wp-content/uploads/2015/12/IMG_1637.jpg)
A 2ª fase, que previa a ligação à rodovia e ao centro da cidade, nomeadamente à zona pedonal, perfazendo um total de 10 km, nunca arrancou. O projeto total é desconhecido.
Para além da polémica inicial, a ciclovia continua a ter uma série de defeitos de construção e encontra-se atualmente com falta de manutenção e em grave estado de degradação, aumentando assim a insegurança de todos aqueles que a utilizam. O que é uma pena, pois ainda hoje muitos utilizadores confiam que a ciclovia os protegerá, por exemplo quando decidem pedalar ali em família com os seus filhos. E aquela poderia muito bem passar a ser um trajeto útil, por exemplo, para quem se desloca entre a zona residencial de Lamaçães e o Campus de Gualtar ou o centro da cidade. Faltaria para tal criar ligações mais simples e seguras a esses locais, interligando as várias vias de forma fácil de compreender e de utilizar.
Ao fim de 10 anos, lamentavelmente, a única mudança que parece ter ocorrido na ciclovia da Variante da Encosta é o desgaste do piso em vários pontos do percurso, sinal não só da permanente passagem de automóveis, mas também de uma negligente falta de manutenção. Por resolver, têm ficado também os problemas de fundo, como as rotundas mal desenhadas e os estacionamentos automóveis mal colocados. De vez em quando, lá vamos tendo notícia de um atropelamento grave que, provavelmente, seria evitado se estes defeitos fossem corrigidos. Será preciso esperar mais 10 anos?
A recente revisão do PDM, no qual foi incluída a intenção de implementar uma extensa rede ciclável (uma ideia já lançada pelo anterior executivo autárquico do PS, mas retomada, refinada e ampliada pelo novo executivo do PSD) dá-nos alguma confiança de que o futuro será melhor neste domínio. Mas é preciso que estes projetos saiam efetivamente do papel. É preciso fazer obra e depois cuidar dela. Numa área tão importante como esta, não basta propagandear cartas de intenções ou mandar realizar meras obras de remendos em épocas de eleições. A cidade de Braga precisa de uma rede viária mais segura e inclusiva, uma rede viária que seja extensa e útil, e que permita aos cidadãos usar os diferentes meios de transporte (incluindo a bicicleta) em condições de conforto e segurança. Só assim poderemos afirmar, de consciência tranquila, que “é bom viver em Braga”!
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