No seguimento da Proposta Para Uma Mobilidade Sustentável, decorreu esta quinta-feira, dia 10 de abril, pelas 17 horas, em Braga, uma reunião com a Câmara Municipal de Braga, para apresentação de um conjunto de sugestões de alteração ao mapa da rede ciclável para a cidade de Braga que se encontra em fase de planeamento. Nesta reunião, estiveram presentes, em representação dos cidadãos utilizadores de bicicleta, Rómulo Duque (Encontros com Pedal) e Mário Meireles (Braga Ciclável). A equipa municipal esteve representada pela arquiteta Fátima Pereira, assessora de Miguel Bandeira, vereador responsável pelos pelouros do Património, Urbanismo, Regeneração Urbana, Planeamento e Ordenamento, pelo arquiteto Octávio Oliveira, chefe da divisão de Planeamento Urbanístico do Município, e pelo geógrafo Nuno Jacob, Técnico Superior de Planeamento.
Na sequência de contactos que vêm sendo realizados regularmente ao longo dos últimos dois anos, a autarquia convidou os utilizadores de bicicleta a analisarem o trabalho, ainda em curso, de planeamento da futura rede ciclável para a cidade de Braga e a sugerirem eventuais alterações ou melhoramentos, e assim contribuírem com a perspetiva de quem já usa regularmente a bicicleta como meio de transporte.
Foi defendido que a rede ciclável prioritária deve ser a que vai servir as pessoas que usam ou que pretendem usar a bicicleta como meio de transporte e foram mostrados alguns dos benefícios da aposta na bicicleta. Foram apresentados exemplos de cidades com orografias (São Francisco, Berna, Basileia, Trondheim) e climas (Abu Dhabi, Copenhaga, Cambridge, Berna, Ferrara) bem mais adversos que os de Braga e onde a aposta na bicicleta – que foi efetuada inicialmente na parte plana dessas mesmas cidades – é, já hoje, um enorme sucesso. Foram demonstrados vários casos do nosso país e de outras cidades a nível mundial onde foram implementadas medidas eficazes, como a partilha de zonas pedonais com os ciclistas, zonas de coexistência, faixas cicláveis, vias cicláveis, as formas de resolução dos pontos de conflito (cruzamentos, paragens BUS, rotundas), e também diversos exemplos de ruas com sentido proibido para tráfego automóvel, mas permitido para bicicletas, entre outros. Foram ainda apresentadas soluções inteligentes para vencer desníveis, para estacionar a bicicleta em segurança e para compatibilizar a bicicleta com o autocarro. Foi recordado a excelente relação custo-benefício recentemente obtida com implementação de uma rede de 400 km de faixas cicláveis protegidas em Nova Iorque. Para finalizar, foram apresentados os critérios básicos a serem seguidos para a escolha do tipo de vias a implementar em Braga, tendo em conta, por exemplo, o parâmetro V85 que contabiliza a velocidade média de 85% dos veículos que passam numa determinada via, para assim definir qual o tipo de via ciclável mais adequada ao local de modo a garantir a segurança de todos os utentes da via, incluindo os ciclistas.
A partir da rede ciclável proposta pela CMB e presente na revisão em curso do Plano Diretor Municipal, do Programa de Ciclovias Interurbanas do CÁVADO (estudo desenvolvido pelo professor António Perez Babo) e utilizando também os percursos fornecidos por 31 ciclistas urbanos (Mapa Braga Ciclável) e a experiência no terreno obtida pelo grupo de ciclistas que participaram na elaboração do dossier, chegou-se a uma nova proposta com algumas pequenas, mas significativas alterações ao mapa inicial.
Os representantes da CMBraga mostraram-se bastante satisfeitos com a proposta apresentada, tendo mesmo existido consenso quanto às alterações efetuadas.
Mário Meireles, colaborador do blog Braga Ciclável, está convicto de que a aposta na bicicleta “é a solução certa para uma cidade inteligente, sustentável, próspera e amiga das pessoas”. Desta reunião resultou a conclusão de que a aposta de uma rede ciclável direta, segura e confortável deverá começar prioritariamente na cidade plana, ou seja, num retângulo delimitado a este por S. Pedro de Este, a oeste por Ferreiros, a norte pelas Infias e a sul pelo Picoto e pelos três montes sacros. “Nesta Braga plana habitam mais de 100 mil bracarenses”, salientou. “É nela que estão os jovens, que está o conhecimento (Universidade do Minho e Universidade Católica), estão as escolas secundárias, estão os principais polos de comércio (Centro Histórico, Braga Parque e vale de Lamaçães) e está uma forte indústria (Bosch, Ideia Atlântico, Grundig)”. Para além de toda a sua potencialidade, é aí que está a procura: “num curto espaço de tempo recolhemos os percursos de 31 ciclistas urbanos de Braga e foi-nos, assim, possível traçar desde já eixos prioritários.”
Victor Domingos, fundador do blog Braga Ciclável, que apesar de não ter estado presente nesta reunião acompanhou sempre de perto o processo de elaboração dos documentos agora apresentados, não tem dúvidas em afirmar que “este é um momento histórico para a cidade de Braga”. “É provavelmente a primeira vez na história desta cidade”, afirmou, “que os utilizadores da bicicleta são consultados para ajudar a delinear uma rede viária útil, abrangente, confortável e segura para quem deseja usar este meio de transporte nas suas deslocações diárias”.
Brevemente, publicaremos aqui no Braga Ciclável o dossiê apresentado, que ficará disponível para consulta em mais detalhe.
Nisto ds ciclovias, não há que inventar a roda. Vão a qq cidade da Holanda ver como é. Vivi lá 4 anos, isto que vejo por aqui em Portugal não são ciclovias. São pistas cicláveis sem ligação. Esperemos que melhore.