Bikes vs Cars

Bikes vs Cars

No passado dia 17 de setembro, a Claraboia (Casa do Professor), em parceria com a APORDOC e com a Braga Ciclável, exibiu em Braga o documentário Bikes vs Cars da autoria do realizador Fredrik Gertten.

O documentário retrata o papel dos lobbies ligados à indústria automóvel, ao petróleo e à especulação imobiliária, na definição de um certo modelo urbano onde a construção prolífera, o automóvel é rei e senhor e o direito à cidade é apenas um conceito vago. Tomando como exemplo a comparação de São Paulo, Los Angeles e Toronto com Copenhaga, cidade onde a bicicleta é o principal meio de transporte urbano, o documentário foca-se na mensagem de que as cidades são na sua maioria preparadas para os automóveis e hostis às bicicletas. Tal facto é evidenciado como um problema efetivo das nossas sociedades, sendo que a dependência do automóvel se torna uma limitação à liberdade dos cidadãos, haja em vista as horas que todos os dias são perdidas no trânsito.

Um dos momentos mais ilustrativos de todo o documentário é o retrato de Toronto e do seu ex-presidente da câmara Rob Ford, que exerceu o mandato entre 2010 e 2014 e ficou tristemente célebre por vários escândalos que envolveram o consumo de drogas. Toronto possuía uma rede de ciclovias urbanas, e Rob Ford mandou-a destruir com o argumento de que as estradas são feitas para “autocarros, carros e camiões, não para pessoas em bicicletas” acrescentando que, sempre que um ciclista morre na estrada é da sua inteira responsabilidade, já que usa um espaço que não é seu.

Infelizmente esta perspetiva de confronto e de animosidade para com os ciclistas, não se resume à cidade de Toronto, tendo também no nosso país os seus acérrimos defensores, custando vidas e levando a significativos impactos ambientais, económicos, na qualidade de vida dos cidadãos. Grande parte dos ciclistas são também peões e automobilistas, no fundo são cidadãos, e é para os cidadãos que as cidades devem ser pensadas, promovendo a partilha do espaço público.


(Artigo originalmente publicado na edição de 7/11/2015 do Diário do Minho)

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