Não sei se o facto de no meu último texto ter colocado uma fotografia do local onde estacionava a bicicleta teve alguma influência, mas o facto é que aconteceu. Não raras vezes ouvimos relatos de actos de vandalismo contra automóveis, contudo raras vezes nos chega aos ouvidos relatos de actos de vandalismo contra bicicletas. Ambos ocorrem. Ambos são meios de transporte, embora muitos vejam a bicicleta como um mero objecto desportivo.
Foi há poucas semanas que, tendo ido de autocarro a um debate sobre questões ambientais a São Pedro de Moel, deixei a minha bicicleta no estacionamento em frente à estação de camionagem de Braga. Sim, não fui de carro e dei o exemplo de que não basta dizer o que se deve fazer sempre que podemos. Ponderei mesmo assim se não era arriscado deixar ali a bicicleta durante a noite, mas lá acabei por levar um bom cadeado para a prender e, assim, a deixar em segurança, já que os relatos de roubos de bicicletas aparentam estar a aumentar nos últimos meses.
No dia seguinte, e à chegada a Braga, já próximo da bicicleta, vi que ela tinha sido mexida. Ao mexer na bicicleta percebi que alguém a tinha tentado roubar. O investimento no cadeado valeu a pena, pois não a conseguiram arrancar dali. Mesmo assim o cadeado ficou marcado da tentativa de roubo da bicicleta. Infelizmente quem fez isto ficou frustrado e, quiçá numa tentativa de se vingar, deu um pontapé na roda de trás e empenou a roda, a qual terá de ser arranjada. E nem serão os 10 ou 20 euros do arranjo que me custam, o que me custa é que esta bicicleta tem um significado sentimental. Ela acompanha-me desde a década de 90 e já fiz muitos milhares de km com ela, além de ter sido atropelado por uma carrinha em excesso de velocidade em local proibido. Como podem ver, uma simples bicicleta pode significar muito mais do que pensam, seja um meio de transporte seja um objecto do qual gostam bastante, tal como acontece a quem gosta muito do seu carro, o qual também é um objecto, mesmo que mais complexo, caro e poluente.
Tão cedo não voltarei a deixar nenhuma das minhas bicicletas estacionadas durante a noite na rua, mesmo presas a cadeado e em local definido para o mesmo. Confirmei da pior forma que Braga não é uma cidade segura e que as bicicletas são um alvo apetecido de quem age de má fé perante o bem alheio.
Se é certo que no meu caso o facto de ter ficado temporariamente sem esta bicicleta não é problemático porque tenho mais bicicletas que me permitem continuar a ir às compras ou até à estação de camionagem ou estação de caminhos de ferro, substituindo o uso do automóvel, também é certo que eu sou uma excepção e que há cada vez mais pessoas a fazer da bicicleta o seu principal modo de transporte no seu dia-a-dia em Braga e estas têm apenas uma bicicleta, a qual caso seja alvo de vandalismo ou de roubo, ficam sem forma de se deslocar.
E que tal o Município de Braga criar ali um espaço coberto e fechado de estacionamento de bicicletas, dado o facto de ser uma zona intermodal?