Uma recente visita a Budapeste despertou-me a refletir sobre a forma mais autêntica de conhecer uma cidade, no que respeita à mobilidade. Cada cidade tem disponível um leque mais ou menos variado de meios de transporte e vias de comunicação. Na escolha dos consumidores pesam diversos factores como a proximidade, rapidez, preço e comodidade. Poucas vezes atentamos ao prazer da viagem e a tudo o que podemos desfrutar com a mesma.
Com 300 km de ciclovias e uma alargada rede de bicicletas partilhadas, a capital magiar coloca ao dispor de habitantes e turistas, uma muito importante forma de mobilidade. Este incremento da bicicleta na cidade, é recente, e simultâneo ao grande crescimento do número de visitantes. Existe um visível ensejo político na promoção desta forma de mobilidade, a comprovar pela existência de estruturas adequadas e pela equilibrada partilha do espaço público entre peões, ciclistas e automobilistas.
Mas então o que traz vantagem à bicicleta relativamente a outras formas de mobilidade, no que diz respeito ao conhecimento das dimensões de uma cidade?
Sentados no selim, os nossos roteiros são sempre únicos e muito mais determinados pela nossa vontade do que por roteiros rígidos e padronizados. A aproximação, quer às pessoas, quer ao ambiente circundante acarreta uma humanização muito superior aos transportes motorizados, e permite sentir o verdadeiro pulsar de uma cidade.
Entusiasma-me, o facto de terminada a nossa viagem, a bicicultura permitir transportar as dimensões referidas para a nossa cidade, possibilitando redescobrir a região onde vivemos. Podemos desta forma, substituir o ar condicionado das rotineiras viagens de automóvel, pelo ar fresco que nos toca na face como uma lufada de ar fresco diária.
De Budapeste para Braga existem diversas diferenças, com especial relevância para as condições de segurança proporcionadas aos ciclistas. Convido, portanto, todos os leitores a “sair da caixa” e a sermos eternos turistas do nosso território.