De Zurique a Tóquio: as mesmas bicicletas

Recentemente, tive a oportunidade de visitar o Japão, um país que há muito desejava conhecer, e que certamente desperta o interesse de muitos. Passei por cidades como Quioto, Osaka, Matsumoto e, claro, Tóquio. Antes de chegar lá, no entanto, um imprevisto numa escala fez-me passar um dia inteiro em Zurique, o que me permitiu explorar também esta cidade suíça.

Apesar da distância de mais de dez mil quilómetros e das óbvias diferenças culturais e de dimensão — enquanto Zurique integra uma área metropolitana semelhante à do Porto, Tóquio é parte de uma megacidade com quase 40 milhões de habitantes — o que me impressionou foi a semelhança na forma como estas duas cidades tratam a mobilidade, em particular a bicicleta.

Zurique é conhecida pelo seu modelo de mobilidade sustentável, e o uso da bicicleta faz parte integrante desse sistema. A cidade oferece bicicletas para aluguer gratuito, mediante um depósito acessível, e há várias “zonas 30”, que permitem a convivência segura entre ciclistas e automóveis. Para as restantes zonas de maior velocidade máxima permitida, há vias segregadas. Além disso, há bicicletários vigiados, como o que encontrei junto à estação de comboios, facilitando a combinação entre bicicleta e transporte público. A cidade desencoraja o uso do automóvel com estacionamentos pagos e raros, e uma fiscalização eficaz que garante ruas livres de carros mal estacionados.

Tóquio, apesar da sua escala monumental, é igualmente eficiente na mobilidade. Com uma rede de transportes públicos exemplar, onde praticamente não há zona sem acesso a autocarros, metro ou comboios, a cidade também aposta fortemente na bicicleta. Em muitas ruas secundárias, existe uma coexistência pacífica entre bicicletas, peões e automóveis. Nas avenidas principais, os japoneses optam por passeios largos onde circulam, de forma harmoniosa, ciclistas e peões. Embora o uso da bicicleta nos passeios não seja algo encorajado, a prática funciona graças ao respeito mútuo. Tal como Zurique, Tóquio oferece infraestruturas seguras, com bicicletários vigiados em estações e residências.

Embora tão diferentes em muitos aspetos, Zurique e Tóquio demonstram como a organização e o planeamento urbano podem promover uma mobilidade mais democrática e segura. São exemplos a seguir por qualquer cidade que aspire a ser mais amiga das bicicletas e das pessoas.

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