Braga Ciclável não reconhece no ACP e na FIA competências para analisar Rede Ciclável

O ACP – Automóvel Clube de Portugal, associação nacional dedicada ao setor automóvel, e a FIA – Federation Internationale de l’Automobile, são duas entidades de renome no sector do automóvel, sem qualquer tipo de competência ou sensibilidade para a mobilidade ativa. O ACP e a FIA têm, aliás, tido posições públicas contrárias à promoção do uso da bicicleta, muitas vezes refutadas pelas entidades nacionais dedicadas ao setor da mobilidade pedonal e em bicicleta, como a FPCUB – Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta e a MUBi – Associação Pela Mobilidade Urbana em Bicicleta. Pode-se até dizer que há um claro conflito de interesses em ter o ACP e a FIA a analisarem a rede ciclável.

Quando o Município coloca entidades como o Automóvel Clube de Portugal e a Federação Internacional de Automóvel a analisar a sua “rede ciclável”, é como pôr a raposa na capoeira dizendo que é para proteger as galinhas.

É incompreensível que o Município não chame à análise da rede os membros com conhecimento na área da mobilidade em bicicleta do Conselho Consultivo para a Mobilidade de Braga, nem as entidades nacionais com conhecimento na área.

Não se consegue entender como é que se vai analisar uma “rede” ciclável que, pela sua dimensão e dispersão, não tem efeito de rede, uma “rede” que ainda não atingiu as metas propostas de 76 km para 2025, que ainda não está conectada, e se ignora a rede de estradas por onde, à falta de uma rede viária ciclável, é diariamente utilizada a bicicleta. De notar ainda que a proposta de PDM é a de retirar esta rede ciclável e manter apenas o que existe atualmente, que não está conectado.

Não se entende também como dizem que vão usar dados do Bicification e do Reactivity, que não são levantamentos rigorosos e suficientemente abrangentes para serem uma radiografia dos percursos em que as pessoas utilizam a bicicleta. Basta observar presencialmente a utilização das ruas de Braga, ou analisar os dados facilmente consultáveis do Strava – a que o Município tem acesso, mas decide ignorar.

A par disso, estes mapas mostram-nos por onde as pessoas andam, não por onde as pessoas querem andar, mas têm medo. E está demonstrado que a maior parte das pessoas que usa a bicicleta em Braga muitas vezes não opta pelo percurso mais rápido ou direto por medo – por falta de condições de segurança na rede viária.

A Câmara Municipal de Lisboa contratou uma consultora de renome internacional, a Copenhagenize, para fazer a avaliação da rede ciclável do Município de Lisboa, gerando um relatório rigoroso, tendo em conta as boas práticas internacionais e com projetos de melhoria em vários níveis da rede, bem como a criação de “missing links” e ciclovias novas. De notar que Lisboa já tem uma rede de ciclovias que prevê duplicar nesse relatório. Braga não tem 10 km de ciclovias, e entrega uma análise a entidades que apenas têm em vista a promoção do automóvel, dizendo que vai requalificar a rede ciclável.

Planos para Rede Ciclável de Braga

Qual rede ciclável é que vai ser requalificada? Que ciclovias? A de Lamaçães? A da Avenida da Liberdade?

A Braga Ciclável continua, como sempre, disponível para reunir, para avaliar, para melhorar a rede ciclável, a acessibilidade para quem se desloca a pé ou de cadeira de rodas e para criar condições para o transporte público ser eficiente e eficaz. Temos o conhecimento, trabalho de mais de uma década e os dados. O Município tem optado por fechar a porta e não responder.

É o que ocorre com o pedido de apoio que está no Município desde julho de 2024, com o pedido de redução da sinistralidade através da redução e controlo das velocidades nas vias, com o pedido de parecer, com a perseguição perpetrada às bicicletas na zona pedonal – sem fundamento legal. Infelizmente, este Município tem ignorado e ostracizado a única ONGA – Organização Não Governamental de Ambiente, local do Concelho, e a que mais tem crescido em associados e atividades.

A Braga Ciclável continuará sempre disponível para trabalhar pelo nosso Concelho na promoção de melhores condições para a mobilidade a pé, de bicicleta e em transportes públicos.

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