Ser mãe de uma criança em idade pré-escolar é uma verdadeira montanha-russa de emoções. Cada novo feito do meu filho, cada pequena conquista, é motivo de orgulho e alegria para ambos e partilhamos essas emoções juntos. Recentemente, aprendeu a andar de bicicleta sem apoios, e o entusiasmo dele é contagiante. Aos 4 anos, sentir-se capaz de pedalar sozinho tem sido uma das suas maiores conquistas. Mas vejo-me agora a enfrentar um desafio que não deveria existir: quer ir para o colégio orgulhosamente de bicicleta, no entanto, as condições de segurança nas nossas ruas não são, de todo, adequadas.
A nossa casa fica a 3 km do colégio, uma distância aceitável para uma criança que já sabe pedalar. Contudo, a ausência de ciclovias seguras torna este desejo uma tarefa impossível. As ruas, muito movimentadas e sem acessibilidade, não são um ambiente seguro para ele, que ainda carece de supervisão. O receio de que algo possa acontecer impede-me de aceder ao seu pedido, apesar de ver a bicicleta como uma excelente forma de promover a sua autonomia e responsabilidade.
Acredito que a mobilidade sustentável e a promoção do uso da bicicleta deveriam ser uma prioridade na nossa cidade. A bicicleta não é apenas um modo de transporte mais sustentável, mas também uma ferramenta para o desenvolvimento das nossas crianças. Pedalar oferece benefícios físicos e psicológicos: promove a atividade física, melhora a coordenação e ensina as crianças a escolherem opções mais responsáveis. Contudo, para que estas escolhas se tornem viáveis, precisamos de mais ciclovias, mais zonas pedonais e mais segurança nas ruas. Só assim as nossas crianças poderão utilizar a bicicleta de forma segura e saudável.
Além disso, vivemos numa sociedade cada vez mais dominada pelos ecrãs. Os ecrãs ocupam grande parte do nosso tempo e atenção, e isso afeta diretamente a forma como nos relacionamos com os nossos filhos. Acabamos, sem nos apercebermos, por perder as experiências reais que a vida nos oferece. A interação genuína com os nossos filhos, a partilha de momentos simples e significativos, é o que realmente fortalece os vínculos familiares.
Cada vez menos crianças sabem andar de bicicleta, há cada vez menos tempo para estas atividades entre pais e filhos. Ao incentivar as crianças a andarem de bicicleta, estamos a brincar com eles e a promover uma forma saudável e divertida de juntos nos afastarmos dos ecrãs e promover um estilo de vida mais saudável e sustentável.
Acredito que devemos ser mais conscientes do impacto que os ecrãs têm nas nossas vidas e, especialmente, na infância, procurar alternativas que incentivem as crianças a estarem mais atentas ao mundo à sua volta e menos presas às telas. Andar de bicicleta, brincar ao ar livre, explorar a natureza – são atividades que não só promovem a saúde, mas também favorecem a criação de memórias reais e duradouras.
No final, mais do que permitir que os nossos filhos andem de bicicleta e se desconectem dos ecrãs, é essencial que sejamos nós o exemplo. Como pais, temos a responsabilidade de oferecer um modelo de vida equilibrado, onde a tecnologia é usada com moderação e o tempo de qualidade em família é prioritário. Precisamos de cidades mais amigas das bicicletas, mas também de uma mudança de mentalidade.
O futuro dos nossos filhos depende da nossa capacidade de proporcionar um ambiente seguro, saudável e consciente. Que possamos, todos, trabalhar para um mundo onde as crianças possam pedalar em segurança e crescer com qualidade de vida.