Há uma revolução silenciosa a decorrer nas ruas da velha Europa. Ano após ano cada vez mais cidadãos optam por utilizar as suas bicicletas para se deslocarem nas cidades. Algo que começou nos Países Baixos e na Dinamarca alastra para outras cidades como Paris, Berlim, Londres, Sevilha, e também Braga. Se olhar para as ruas da nossa cidade verá muitas pessoas a passar de bicicleta: desde crianças que vão para escolas, entregadores de bens, pessoas que vão para os seus trabalhos a pais que levam as suas crianças. Não se trata de uma fase ou de um movimento político, trata-se sim de uma resposta a um problema de mobilidade que os automóveis não nos conseguem dar.
Durante séculos as cidades europeias foram construídas a pensar no transito pedonal com ruas estreitas e labirínticas. Assim se desenharam as ruas e as casas das cidades pela Europa fora durante séculos. Foi só pelos anos 60/70 que o automóvel começa a massificar-se e a exercer pressão sobre as cidades que não foram desenhadas para os receber: aparecem as filas de trânsito, aparecem os carros estacionados nos centros urbanos, agrava a poluição e começa o drama da sinistralidade rodoviária.
Quando olho para a nossa cidade de Braga vejo que acabamos por seguir esse mesmo percurso de outras cidades europeias: construímos rodovias e circulares, destruímos património para construir parques de estacionamento, alegramo-nos por ter o mais longo túnel rodoviário da Península Ibérica (foi o que nos foi dito, lembram-se?). Mas continuamos sem resultados, pois nas ruas da nossa cidade os automóveis continuam parados, demoramos quase uma hora a atravessar o centro em hora de ponta e continuamos sem lugar para estacionar.
Há cerca de 50 anos, nas ruas chuvosas e frias de Amesterdão, alguns começaram a defender que era de bicicleta que nos devíamos mover pelas cidades e a ideia pegou. Fortemente criticados, dizia-se que a bicicleta não era segura, que não servia para transportar crianças e que naquele clima não funcionaria. Mas estes europeus perceberam que a bicicleta era um ótimo meio de transporte nas cidades, que era seguro, rápido e eficiente, começaram a utilizar a bicicleta e nunca mais olharam para trás! Mais tarde outras cidades também seguiram o exemplo e se adaptaram para as bicicletas, como Berlim, Sevilha ou Paris.
E também na nossa cidade a revolução das bicicletas veio para ficar. Os bracarenses estão a perceber, como os europeus o fizeram, que o automóvel não é o futuro e que de bicicleta nos deslocamos de uma forma mais eficiente e segura pela cidade, chegamos mais depressa ao trabalho, as crianças não fazem birra, e de bicicleta sabemos que haverá estacionamento. E nos dias chuvosos de Braga vamos aprender, como aprenderam os Holandeses, que as bicicletas funcionam igualmente bem à chuva.
Esta revolução da mobilidade chegou a Braga como chegou a muitas outras cidades europeias. Os bracarenses vão deslocar-se cada vez mais de bicicleta e a cidade só vai ganhar com isso. Porque em Braga como em Amesterdão ou em Paris, as bicicletas vieram para ficar!!