Este chavão é dito e redito vezes sem conta, no entanto eu também me vejo forçado a usar no momento em que falo do mundo das duas rodas.
É inegável que após tudo que sucedeu nos últimos meses a nossa postura face o mundo teria de ser outra e os nossos comportamentos também, não só pela privação de muitos prazeres antigos mas porque nos levou à redescoberta de velhos hábitos que sem dúvida nos fazem saltar diretamente para a nossa infância. Por isso verificamos um crescimento fantástico no mundo do ciclismo. Os últimos dois anos já tinham sido um excelente reflexo disso, mas estes últimos meses… Surreal!
A crescente vontade desportiva, recreação, mobilidade urbana, etc. A bicicleta passou a estar na ordem do dia e começa a deixar cair o estigma que por muitas vezes existia no uso dela. Mas não será esse o meu ponto. Aquilo que me apraz falar é a envolvência social que tenho assistido nos últimos tempos. Também repararam? Após o gradual desconfinamento tenho visto um uso generalizado da bicicleta, muitos para os fins que já conhecíamos – desportivo e mobilidade – mas hoje a nossa companheira de duas rodas tornou-se uma verdadeira ferramenta de socialização. Hoje pelos parques das nossas cidades, trilhos e estradas nacionais, assistimos a grupos cada vez maiores de ciclistas que, e peço desculpa pela metáfora, parecem renascidos após anos sem sentir a verdadeira alegria de um bom passeio com a nossa bicicleta.
Hoje a troca de experiências faz-se ao selim e os sorrisos trocam-se quando pedalamos lado a lado. Hoje o ponto de encontro não é num dos bares que ladeiam a nossa bonita catedral, mas sim nas vias pedonais e cicláveis. Acredito que este movimento não irá esmorecer com o dito regresso à normalidade pois todos guardamos os sorrisos e sentimentos únicos em tempos duros e difíceis. Vamos por isso continuar a alimentar e estimular esta “rede social”. Posso contar convosco?