O civismo é o conjunto de comportamentos que um cidadão adopta para mostrar respeito para com a sociedade em que vive. São atitudes básicas de empatia, uma forma de mostrarmos que não olhamos apenas para os nossos umbigos e que para chegarmos mais depressa a casa passamos à frente de todos na fila do supermercado.
Portugal nunca foi conhecido pelo seu espírito de civismo. Temos todos a mania de que somos uns coitadinhos e que senão formos espertos, alguém nos vai passar a perna e isso é que não pode! E no que toca à condução automóvel, somos conhecidos pelas piores razões – falta de civismo dos portugueses quando estão à frente de um volante por trás do escudo de uma tonelada de metal é gritante. Buzina-se, insulta-se, praticam-se altas velocidades, há uma impaciência total pelo colega condutor e por todos os outros que partilham as vias – é um stress só!
Em relação aos ciclistas esta falta de empatia é ainda maior. Ultrapassagens rentes, buzinadelas aos ouvidos, condução sem espaço de segurança e até “brincadeiras” para empurrar os ciclistas para a berma. Isto para não falar da utilização das ciclovias, das zonas de acesso a bicicletas, peões, carrinhos de bebé e cadeiras de roda, como se estes fossem os melhores sítios para parar o carro aqueles 5 minutos, ou mesmo para o estacionar.
Todos os dias, no meu percurso casa-trabalho, eu, condutora automóvel (sim eu também tenho carro), partilho a estrada com ciclistas. É claro que eles andam mais devagar que eu nas subidas, é claro que tenho de abrandar e fazer talvez 1km em marcha lenta até ter traço intermitente e espaço para ultrapassar com segurança, mas as buzinas e os roncos dos carros atrás de mim incomodam-me muito mais do que o abrandar o passo. Mas sabem o que é que me atrasa mesmo a chegada a casa? São os carros estacionados em segunda e terceira fila à porta das escolas. Isso sim, rouba-me às vezes 20 minutos desesperantes todos os dias e ainda assim, juro-vos, não meto a cabeça de fora do carro ou tento abalroar criancinhas e respectivos pais. Chama-se civismo, meus caros, e fica sempre bem.
(Artigo originalmente publicado na edição de 1/05/2018 do Diário do Minho)