Impossível mudar o passado, urgente planear o futuro

A Europa passa pela pior seca dos últimos 500 anos e isso sente-se em Portugal de forma mais intensa: nas vagas de calor de Julho e Agosto, nos incêndios e na escassez de água em vários concelhos do país. As alterações climáticas não são só reais como sentiremos os seus efeitos a curto prazo. E para este estado de aquecimento global muito contribuiu o nosso consumo energético (mais de 75% das emissões, segundo dados do World In Data). Parte importante desse consumo vem do transporte automóvel.

Infelizmente, não podemos alterar o nosso passado nem o caminho que nos trouxera até aqui. Teria sido muito mais fácil mudar as nossas cidades nos anos 70 quando não só já era notada a acção humana no planeta, como a crise petrolífera mostrou os problemas de uma economia baseada no petróleo. As cidades portuguesas continuaram a ser pensadas segundo um modelo centrado no carro. As decisões que se tomaram não mudaram apenas as cidades nos mandatos em que foram tomadas, mudaram-nas de forma quase irreversível para os 50 anos seguintes.

Esta forma de transporte está saturada e é prejudicial para o planeta, mas a mudança não é fácil. O modelo baseado no transporte individual tornou as cidades mais dispersas e menos densas, tornando economicamente inviáveis todas as outras formas de transporte. O transporte público é tão mais eficaz quanto mais densa for a cidade e a bicicleta é mais eficiente em comparação ao carro em percursos curtos, até 5 km.

A solução para este problema está em combinar as várias formas de transporte. O planeamento futuro terá de passar por soluções que permitam combinar as curtas distâncias das bicicleta e uma afluência em vários pontos que permita ao TP ser rápido e eficiente. E nada é mais importante e fulcral de mudar do que a infraestrutura. Em 2022 as cidades precisam sobretudo de uma reconfiguração do seu espaço. A sua alocação eficiente permitirá a circulação em segurança para a bicicleta e a eficiência do transporte público.

É urgente planear o futuro de forma sustentável, abandonar paradigmas que nos condenarão a prazo e apostar numa nova forma de nos deslocarmos. Não podemos adiar mais. O planeta não espera.

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