Para tornar a cidade de Braga mais ciclável, isto é, mais convidativa à utilização diária da bicicleta por parte de todas as faixas etárias e todos os grupos sociais, é preciso (e urgente) criar condições adequadas de circulação num conjunto de percursos-chave. Para além do fundamental eixo Estação-Centro-Gualtar, há outros percursos que pela sua utilidade prática na vida dos cidadãos de Braga adquirem particular relevância. Um desses percursos é a ligação entre o Centro (Avenida Central) e a zona do Parque de Exposições e Parque da Ponte, a ser feita, de forma lógica, pela Avenida da Liberdade.
A pertinência deste percurso seria de imediato justificada tão somente pela necessidade de acesso ao Parque da Ponte, tanto para lazer como, por exemplo, para que os bracarenses pudessem levar a sua marmita e ir almoçar rapidamente nesse local bem aprazível – uma alternativa económica, saudável e agradável. Mas também o acesso ao Parque de Exposições e às zonas comerciais e residenciais que se encontram naquela área contribuem para tornar essa via bem importante.
O que encontramos na atualidade é a gritante inexistência de um percurso ciclável a ligar estas duas zonas da cidade. A Avenida da Liberdade é a ligação mais direta e, uma vez que apresenta um baixo desnível, seria a via de ligação mais lógica para os ciclistas. Infelizmente, parte do percurso encontra-se ocupada por uma área ajardinada com esplanadas laterais, cuja disposição, apesar de ser bastante agradável para passear a pé, não facilita a circulação de bicicletas. Os ciclistas precisam de fazer um constante ziguezague entre os peões, num confronto que é de todo indesejável.
No troço inferior da Avenida, quando termina a área ajardinada, temos o fim do túnel e uma zona com várias faixas de trânsito e semáforos. Trata-se de uma via um tanto ou quanto difícil para ciclistas, que ficam demasiado expostos quando precisam de mudar de faixa para a esquerda (por exemplo, para seguir para o Carandá ou para Santa Tecla).
Este é um daqueles casos em que poderíamos defender, justamente, a necessidade de uma ciclovia bidirecional ao longo de toda a extensão da Avenida da Liberdade. Imagino que uma das primeiras reações seria “Mas não há espaço!…” Pois bem… em primeiro lugar, convém notar que existem várias faixas de trânsito na parte inferior da Avenida, que certamente poderiam ser reorganizadas de modo a acomodar uma faixa reservada a ciclistas. Na área ajardinada, bastaria um alterar um pouco a forma dos canteiros, de modo a acolher uma área de circulação devidamente sinalizada.
Ah… e, ainda que roubar espaço aos peões seja quase sempre péssima ideia… Se há lugar para estacionar de forma impune esta quantidade de automóveis no passeio, então não haveria espaço suficiente para, em vez disso, instalar alguns lugares de estacionamento de bicicletas e, quem sabe, uma ciclovia…?
A terminar, para quem possa ainda ter dúvidas… Não, estes passeios não são ciclovias e, ainda que a sua largura permita o convívio mais ou menos pacífico entre ciclistas e um pequeno número de peões, o piso é totalmente inadequado à circulação de bicicletas, tornando-se muito escorregadio quando chove.
Boa noite!
Primeiramente quero dar os parabéns pela iniciativa. E partilhar a minha experiência como ciclista pelas ruas de Braga.
Também sou um dos cidadãos desta cidade que por um conjunto de situações (económicos, e porque algumas viagens a cidades europeias me abriram os horizontes) decidiu começar a fazer deslocações maiores de bicicleta.
Por norma já fazia circuitos pequenos a pé, e apenas utilizava o carro caso tivesse apertado em tempo.
E neste momento sinto-me conquistado a este tipo de transporte e só aponto três problemas para andar de bicicleta em Braga:
-claro que a 1º queixa será dirigida às vias, tem de ser alteradas, e realmente penso que seria importante reformular a avenida da liberdade, mas penso que seria mais fácil alterar a 31 de Janeiro, pela própria disposição da avenida, tem duas vias bastante largas de peões, e porque nesta via circulam menos peões do que na avenida da liberdade, o que ajudaria na "aceitação" dos pedestres destas alterações, além disso esta avenida tem nas suas proximidades 4 escolas, e ajudaria a fomentar a utilização a utilização da bicicleta desde tenra idade (em vez de os pais irem levar os filhos à escola); e também por razões que escuso enumerar seria importante ter uma ciclovia que ligasse a Universidade do Minho até ao centro histórico e à estação de comboio.
-outra situação que me deparo, e já há um post sobre isso, no centro da cidade(sem falar de outros pontos de interesse, perto de edifícios públicos ou de saúde) não existem locais para guardar a bicicleta, o que me leva a prende-la a candeeiros públicos, o que eu sinto como sendo abusivo da minha parte, e torna-se bastante inestético.
-as pessoas em Braga ainda criticam os ciclistas (a não ser que estes estejam com um equipamento desportivo, porque num contexto de lazer/desporto nunca me senti julgado), o que me leva a pensar que antes de mudar infraestruturas convém mudar mentalidades (urgentemente).
Cumprimentos, e espero que mais pessoas adiram a este blog, e se juntem por uma causa comum que beneficiará todos.