Aqui bem perto de nós, na vizinha Galiza, situa-se Pontevedra, uma cidade com cerca de 82.000 habitantes, pouco menos que Viana do Castelo. Ao longo das últimas duas décadas, Pontevedra tem levado a cabo, em estreita colaboração com diversas instituições da sociedade civil, políticas de mobilidade que visam conciliar o automóvel com o respeito pelos peões e pelo espaço comum.
Uma das medidas mais emblemáticas foi a limitação da velocidade dos automóveis a 30km/h em toda a área urbana e estabelecer zonas onde o limite de velocidade é 20 km/h. A esta juntaram-se outras medidas, como por exemplo: acabar com o estacionamento pago no centro da cidade, substituindo-o por estacionamento gratuito mas limitado a 15 minutos e parques gratuitos na periferia, a cerca de 10 minutos a pé do centro; favorecer a atividade comercial e serviços dentro da cidade, sem o deslocalizar para grandes superfícies em zonas periféricas; programas para conferir segurança e incentivar as deslocações de crianças a pé para as escolas; colocação de passadeiras ao nível do passeio e conferir-lhes segurança através de iluminação própria.
Com este plano, entre 1996 e 2014, Pontevedra aumentou em 35% a velocidade média de circulação, reduziu 78% o tempo perdido em engarrafamentos, diminuiu em 65% o consumo de combustível dentro da cidade e reduziu muito significativamente o ruído e a concentração de gases poluentes. Paralelamente, neste período, não houve mortos em acidentes rodoviários, estando neste aspeto entre as cidades mais seguras do mundo. Tudo isto valeu-lhe, em 2014, o prémio “ONU-Hábitat” atribuído pelas Nações Unidas.
Certamente com as suas especificidades, o exemplo de Pontevedra faz acreditar que não é só no norte e no centro da Europa que são possíveis cidades onde os diferentes meios de transporte convivem harmoniosamente e onde a qualidade de vida dos cidadãos é o aspeto central na definição das políticas de mobilidade.