Inicio a minha reflexão com a certeza que a bicicleta tem emergido como uma alternativa de transporte sustentável e saudável nos últimos anos em Braga. Além de uma opção mais económica, contribui para a redução da poluição e congestionamento, promovendo um estilo de vida mais ativo.
No entanto, para que a bicicleta seja adotada por mais utilizadores, sem medos ou inseguranças, é crucial promover o respeito pela integridade, entre TODOS.
Parece um conceito que à partida está assumido como um direito de cada ser vivo, mas a verdade é que não se verifica a sua aplicabilidade no dia-a-dia, nomeadamente no que diz respeito aos utilizadores de bicicleta.
Sem dúvida que é fundamental investir em infraestrutura adequada para bicicletas. As ciclovias separadas das vias de tráfego motorizado proporcionam um ambiente mais seguro para os utilizadores de bicicleta.
Mas é necessário educar os motoristas sobre a possibilidade de coexistência pacífica entre uns e outros. Qualquer utilizador de outro modo de transporte, que não o automóvel, tem o mesmo direito de utilizar a via e com segurança. Ultrapassagens sem segurança para o ciclista e buzinadelas com o intuito de assustar, não respeitam a integridade do utilizador e podem potenciar despistes desnecessários.
Não retiro responsabilidade aos utilizadores de bicicleta, que devem seguir as normas de trânsito relacionadas às bicicletas, mas há espaço para todos sem umas pessoas acharem que são mais importantes que outras.
Numa semana em que se celebra o dia da liberdade, do nascimento da democracia portuguesa, devemos refletir sobre as opções próprias e legítimas de cada ser individual. A liberdade de um não se pode sobrepor à do outro. Somos todos seres livres e devemos respeitar-nos mutuamente.
Assim, acredito que a promoção da bicicleta como modo de transporte deve ser acompanhada pelo direito ao respeito pela integridade dos seus utilizadores. Isso requer um esforço conjunto do Município, sociedade, e cidadãos individualmente, para criar um ambiente seguro para todos os utilizadores das vias de trânsito. Ao investir em infraestrutura para bicicletas, educar os motoristas e promover uma cultura de responsabilidade entre as pessoas que andam de carro e de bicicleta, podemos tornar a nossa cidade mais sustentável, mais saudável e inclusiva para todos.
Em jeito de conclusão, mas o ponto que gostaria de reter como fundamental é o facto de, aceitarmos e validarmos, que nenhuma vida é mais importante que outra, independentemente do modo de transporte escolhido. Todos temos o nosso valor, os nossos compromissos, os nossos entes queridos, e a nossa vida. Todos temos direito a fazer viagens em segurança e chegar ao nosso destino.