Braga tem o potencial necessário para o incremento do uso da bicicleta no quotidiano, no entanto, apresenta falhas fulcrais a quem pretende fazê-lo. É imperativo encarar com responsabilidade o uso da mesma. Os benefícios que esta filosofia, mais do que uma simples prática, apresenta para a saúde, economia, ambiente e sustentabilidade do ecossistema urbano são indiscutíveis.Primariamente, a sensibilização a todos os intervenientes é tão fundamental como dotar a cidade das infraestruturas. Como utilizadores diários da bicicleta, cabe-nos cumprir as regras de trânsito o mais escrupulosamente possível. Para ocuparmos um lugar ativo enquanto atores de um sistema de mobilidade eficiente, temos que ser os primeiros a seguir, de forma exemplar, as regras que nos são impostas, para merecermos o respeito de outros intervenientes.
Quanto ao sistema físico em si-mesmo, serão as infraestruturas cicláveis existentes suficientes e a manutenção das mesmas eficaz? Não. Serão os estacionamentos existentes suficientes? Não. Mas já existem alguns, que, apesar da falta de sinalética, suprimem algumas necessidades. Será também a construção das nossas próprias casas feita a pensar no uso da bicicleta? Não. As casas, trabalhos, escolas, não estão pensadas para acolher a bicicleta e este é um dos pontos de partida fundamentais para a mudança de mentalidades. Esta é uma medida com investimento inicial associado mas com benefícios, nomeadamente económicos, a médio e longos prazos bem maiores.
Precisamos de desconstruir ideias pré-concebidas. A mobilidade verde é um tema comummente discutido, mas, um hábito como a utilização do carro, tão enraizado na sociedade portuguesa, é extremamente difícil de combater. A nossa cidade não está pensada para o peão, nem tão pouco para o utilizador da bicicleta. Mas é garantidamente possível fazer uso da bicicleta nestes moldes, em segurança, se o respeito mútuo pela vida do outro subsistir.
(Artigo originalmente publicado na edição de 23/5/2015 do Diário do Minho)