Plano Real imagináRio

Imagine o leitor que vive numa Braga exemplar ao nível da mobilidade. Não pense nos custos e tempos de construção. Tudo é possível quando a vontade é existente.

Imaginemos que as linhas ferroviárias existem e que temos ligações a Prado, Vila Verde, Póvoa de Lanhoso e Guimarães. Que nessas viagens demoramos no máximo 20 minutos.

Imaginemos que há ligações de transporte público eficientes com o centro da cidade. Ligações que cumprem horários, e que “são uns atrás dos outros”. Para além disso permitem transportar as bicicletas, e-bikes, trotinetes e os animais.

As ruas e avenidas da cidade têm menos carros a circular, e em algumas há ciclovias ligadas em rede. A utilização da bicicleta é mais cómoda e segura.

Para além de uma tranquilidade sonora instalada, em vez de apitos e frustrações diárias, usufruímos também de um ar limpo, com qualidade que é perfeitamente possível devido à natureza que nos rodeia. As crianças sentem-se seguras e passam a ter o hábito de usar a bicicleta para as escolas e para regressar às suas casas, porque vontade, hoje em dia, já têm. Os pais passam a não ter tanto receio de deixar uma criança pedalar.

Com um sistema eficiente e abrangente, as pessoas podem-se mover pela cidade de forma mais rápida e fácil, reduzindo o tempo gasto em deslocações e aumentando a acessibilidade na cidade. Com a melhoria da mobilidade e da acessibilidade há também um aumento do comércio e do turismo. Além disso, a construção e operação do sistema gera empregos e incentiva o investimento em áreas próximas às estações, bem como um maior aproveitamento do espaço urbano e a criação de novas áreas residenciais e pólos de negócio.

Saindo do mundo do imaginário, para além de melhorar a economia e aumentar a qualidade de vida, seríamos lunáticos se não considerássemos esta visão um plano realista para o futuro. Com a atual crise ambiental, a consciencialização tem de partir de nós todos! Não há margem para empurrar mais os planos para o futuro.

A ideia é poder-se optar por diferentes modos de transporte, e não sermos escravos de uma só opção como hoje somos.

O discurso de chegar atrasado ao trabalho devido ao trânsito dos carros nesta cidade é uma constante e uma loucura. A maioria da população queixa-se de que no verão a cidade é um inferno e que a qualidade do ar é péssima, mas no dia-a-dia vivem de uma forma agressiva, impaciente e contribuem para isso ao usarem o carro em excesso.

O investimento para toda esta infraestrutura vai sair da carteira dos contribuintes? Cada vez mais os Fundos Europeus apoiam estes projetos.

Seria impossível construir linhas de transporte público dedicado porque a cidade é antiga? Amsterdão acabou de construir uma linha de metro por baixo do rio e a passar por casas construídas sobre troncos de árvores em 1600. Até em Roma conseguiram construir um metro enterrado e metros de superfície!

O que menciono são projetos de uma forma generalista, já existentes noutras cidades europeias, e que podem perfeitamente ser adaptadas a cada caso. Como cereja no topo do bolo, podemos aprender com os erros dos outros e fazer melhor. Precisamos de mais papa feita?

Isto levaria a uma mudança dos hábitos do dia-a-dia do leitor? Consegue imaginar-se a pedalar, a andar a pé ou de transporte público numa Braga que convide a isso? Já experimentou?

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