A fase final do ano que termina, assim como os primeiros dias do novo ano, é normalmente marcada por balanços e resoluções. Na Associação Braga Ciclável não somos diferentes e, de forma a avançar na direção mais acertada, cabe-nos analisar o ano que vem de findar.
No início de 2017, mais precisamente a 9 de Janeiro, iniciava-se aquela que viria a ser uma das mais polémicas empreitadas do ano: a Rua Nova de Santa Cruz. O prazo dado para a sua execução foi estimado em 9 meses, hoje já largamente ultrapassado. A promessa, algo irrealista, anunciava passeios mais largos, aumento do número de lugares de estacionamento automóvel, a manutenção da circulação de transportes públicos e a introdução de uma ciclovia. Quase um ano volvido sobre o início dos trabalhos, o resultado fica muito aquém do expectável. Os passeios não ficaram mais largos, o critério para aplicação dos diferentes pavimentos aos diferentes usos é pouco claro, a sinalização é deficitária e a degradação da qualidade do serviço de transportes públicos é evidente já que o utente se vê obrigado a percorrer maiores distâncias a pé para poder usufruir do mesmo. Quanto ao número de lugares de estacionamento, esse aumentou (ironia!), dado que a ciclovia serve neste momento a esse efeito, sem que as autoridades atuem devidamente.
Deu-se também a inauguração da extensão da via pedonal e ciclável do Rio Este, que mantém uma grande parte dos problemas do troço já existente, nomeadamente no que diz respeito ao desenho de ambas as faixas de forma a proteger peões e ciclistas de embates mútuos, ao cruzamento com vias de trânsito, à iluminação, entre outros.
Tendo 2017 sido ano de eleições autárquicas, várias foram as promessas na questão da Mobilidade, sendo que todas serão ineficazes se uma premissa não for cumprida: a do diálogo. É necessário ir ao terreno, ouvir e dialogar com aqueles que efetivamente utilizam o espaço público nas suas vivências e deslocações diárias. É necessário deixar o conforto do gabinete para se ter a noção da verdadeira escala dos lugares e se perceber a forma como os habitantes se apropriam do espaço urbano. Cidades são pessoas e as pessoas querem ser ouvidas. É assim que se evitam erros crassos como o da Rua Nova de Santa Cruz ou é pelo menos assim que se dividem responsabilidades. E nós estamos cá para ajudar!
(Artigo originalmente publicado na edição de 06/01/2018 do Diário do Minho)