Os lobos em Yellowstone e a Mobilidade Sustentável

Lobo

Comemoraram-se, no início deste ano, 25 anos que os lobos foram reintroduzidos no Parque Nacional de Yellowstone nos E.U.A. Na altura, quem estava contra a medida argumentava, que a reintrodução dos lobos iria ser dispendiosa, implicar riscos para a população e iria ter impactos económicos importantes pelos danos que causaria na pastorícia. Reconhece-se hoje que a presença dos lobos matou alguns alces e afastou-os das grandes áreas de pastagem. Isso permitiu que nesses locais crescessem árvores cujos rebentos antes eram anteriormente comidos pelos alces. As árvores trouxerem aves e também castores, que com as suas “barragens” deram habitats para peixes. A isto juntou-se um aumento de visitantes anuais no Parque.

A magnitude da “história” que acabei de contar não é totalmente consensual e é motivo de debate científico. Em todo o caso, ilustra bem que em sistemas complexos, onde há muitos fatores a interagir, como é um ecossistema ou como é também é uma cidade, a relação causa-efeito é normalmente complexa, e os impactos de uma determinada medida vão além dos resultados diretos e são muitas vezes contraintuitivos.

Um bom exemplo disso é a Ecovia do Rio Este. Esta infraestrutura “convidou” a população para junto do rio e serviu de mote à renaturalização de vários troços do seu curso. Hoje em dia, temos uma população muito mais exigente acerca da preservação ambiental do rio do que era outrora. Isto, juntamente com as ações de renaturalização, valorização ambiental e de controle de descargas efetuadas ao longo dos anos, tornaram o Rio Este um habitat para diversas espécies: lontras, garças-reais, patos-reais, guarda-rios, etc. Aquilo que foi construído com o principal intuito de ser uma infraestrutura de lazer e mobilidade, tem impactos que vão muito além disso.

Da mesma forma, em cidades espalhadas pelo mundo, tem-se vindo a observar que substituir o espaço do automóvel por espaço para os transportes públicos, para a bicicleta e para andar a pé, facilita a mobilidade de todos, inclusivamente daqueles que têm mesmo de utilizar o automóvel. A isso junta-se um conjunto de outros impactos na saúde da população, no comércio de rua, nos gastos da população com mobilidade e na forma como é vivida a Cidade.

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