“Os carros não moram nos passeios”. Esta é uma das frases que mais ouço do meu filho no caminho que fazemos diariamente para o infantário.
Um carro em cima de um passeio ou até na zona pedonal da cidade, quer parado ou em andamento, capta sempre o olhar atento da criança de 3 anos que carrego na traseira de minha bicicleta “Mãe, este carro não mora aqui, mora na estrada.”
Gostava de lhe dizer que as bicicletas também não “moram” nos passeios, mas para isso teria de lhe explicar que a cidade onde vivemos não está preparada para pessoas como nós, que preferem deslocar-se de bicicleta em vez de carro. Que para sairmos do passeio era importante haver ciclovias ou zonas destinadas às bicicletas e à respeitosa convivência entre bicicletas e carros. Teria de explicar que utilizamos aquele percurso, entre passeios e zonas pedonais porque tenho medo de andar na estrada, principalmente levando-o na bicicleta, pois não sinto que haja respeito dos automobilistas em relação aos ciclistas, nem que as velocidades praticadas na estrada sejam as adequadas para a nossa segurança. Já para não falar que o percurso nas nossas viagens, de casa para o infantário, passa pela rua do Caires, que é extremamente movimentada e na qual não há qualquer respeito pelo limite de velocidade e está permanentemente com carros parados em segunda fila.
Como não utilizar o passeio em situações como esta onde é preferível arriscar infringir o código da estrada em vez de arriscar a própria vida e a vida daqueles que levamos connosco e a quem mais queremos bem?
Sinto que ao utilizar o passeio e as zonas pedonais, não afeto os peões, pois respeito a sua passagem, desmontando muitas vezes da bicicleta em prol da segurança de todos. Por respeitá-los e talvez por levar uma criança comigo, observo que me respeitam também e que não se sentem incomodados com a minha passagem. Provavelmente, compreendem que eu utilize o passeio e zonas pedonais em vez da estrada.
Acredito que no futuro cada vez mais pessoas escolham formas mais ecológicas de se deslocar, pois já tenho visto um aumento nesse sentido ao longo dos 8 anos que utilizo a bicicleta. Para isso, espero que, como em muitas cidades europeias, também Braga comece a apostar numa rede ciclável viável para todos aqueles que optem por não utilizar o carro como meio de transporte.
Enquanto isso não acontece, vou fazendo o meu trajeto entre a estrada, a zona pedonal e o passeio sempre que achar que é mais seguro.