Estranha cidade onde se é olhado como que se de um estranho se tratasse por simplesmente optar por deixar o carro em casa, ou simplesmente não ter carro, para nos movermos pela cidade de bicicleta em trajectos curtos ou médios. Sim, porque é uma possibilidade real, mesmo para quem ainda não pensou isso.
Os pseudo argumentos dos declives e da chuva não são argumento para não andar de bicicleta, são meros mitos urbanos e um comodismo que prejudica o bem comum e a cidade de Braga.
Foi entre 2010 e 2014 que comecei a reparar, de facto, que mais pessoas começavam a utilizar a bicicleta para se mover em Braga. Foi durante esse espaço temporal que me desloquei diariamente de bicicleta para a Universidade do Minho, observando uma crescente taxa de utilização dos estacionamentos para bicicleta já ali existentes, ou então nos tradicionais postes, uma alternativa quando o estacionamento é muito escasso.
Mas o crescente aumento do número de utilizadores da bicicleta não se limitava ao campus universitário. Foi algo que foi aumentando progressivamente ao longo dos anos e que, actualmente, é facilmente visível um pouco por toda a cidade. Isto mesmo que o factor insegurança esteja ainda muito presente na mente de quem faz o que seria perfeitamente natural numa cidade desenvolvida e amiga dos modos suaves e de uma mobilidade racional.
É maravilhoso ver tanta gente a andar de bicicleta, seja em lazer, seja no seu dia-a-dia. Sim, porque hoje em dia já se começa a ver o que era quase impensável em Braga há alguns anos: mulheres e homens a levar os filhos de bicicleta à escola, a ir às compras com uns belos alforges ou “simplesmente” a ir trabalhar num modo de transporte muito eficaz em curtas e médias distâncias e, imagine-se, não poluente.
Mas um dos aspectos que nunca me farto de pensar, é na alegria que aquelas pessoas que pedalam levam na cara enquanto pedalam. Não andam stressadas e carrancudas como tanto automobilista preso no trânsito e na ilusão do conforto do carro. Pedalar faz-nos mais felizes. Contudo, em Braga, essa felicidade teima em ser protelada para muitos dos que até queriam andar de bicicleta, mas têm receio de ser atropelados.
Braga é uma cidade que em poucos meses, e com um custo irrisório, pode passar a ser uma cidade muito amiga da mobilidade sustentável, seja para peões, ciclistas e transportes públicos. E faz tanta falta qualidade de vida para todos nós!
Por isto e por muito mais é que agradeço a quem tem a coragem de pedalar em Braga. É graças a gente corajosa como nós que a mudança se vai fazendo paulatinamente.