A cidade é responsável por cerca de 400 mil deslocações diárias, sendo a grande maioria viagens dentro do concelho (79% das viagens). Seguem-se viagens que se iniciam ou terminam em Braga, mas com origem ou destino fora deste concelho (20%) e apenas 2% das viagens não querem nada com a cidade e utilizam as suas infraestruturas para passarem por ela. O tão badalado “tráfego de atravessamento” resume-se a 2%.
A Norte, no Nó de Infias, a falta de alternativa para as deslocações suburbanas é o problema. As pessoas que querem vir das freguesias suburbanas e dos concelhos vizinhos, para trabalhar, estudar ou visitar a cidade, só têm uma forma de o fazer: de carro. Aí é necessário, sem dúvida, um investimento sério no transporte público.
Já em 2013, o estudo de Mobilidade do Quadrilátero Urbano apontava que havia um problema no acesso à cidade a Norte, que acabava por criar congestionamentos nas horas de ponta não só no Nó de Infias, mas na Rotunda de Infias, na Avenida Padre Júlio Fragata, Rotunda das Piscinas e Avenida Frei Bartolomeu dos Mártires.
Por si só isto seria demonstrativo que o problema não é “atravessar a cidade”, mas sim, chegar e partir da cidade.
Isto porque quem quer atravessar a cidade vindo de Norte, chegando ao Nó de Infias, deriva para a António Macedo, passando pelas Bombas da Cepsa e entrando em Ferreiros/Celeirós nas Auto-Estradas.
Assim fica claro que a prometida “variante” apenas vai servir 2% das deslocações e não resolverá nenhum problema ali. O problema apenas se vai agravar pela indução da mobilidade automóvel.
Os números não deixam dúvidas: o problema está nas deslocações dentro do concelho (79% das deslocações).
Numa primeira fase, a aposta deve passar por dar soluções às pessoas que pretendem deslocar-se dentro do Concelho de Braga (cerca de 315 mil deslocações diárias) e para as que se deslocam dos concelhos vizinhos (cerca de 80 mil deslocações diárias).
Em vez de se investir numa variante que serviria 2% das deslocações, é preciso investir na reorganização da infraestrutura na cidade, que serve 79% das deslocações. Reorganizar as principais avenidas de Braga, para que nela possam existir bons passeios, ciclovias bem construídas, e vias dedicadas ao transporte público é inevitável para se conseguir transportar mais pessoas por hora de uma forma eficiente. Ou então, a pressão nas atuais vias manter-se-á e agravar-se-á, e as horas de ponta ficarão cada vez mais infernais.
Os últimos 100 anos demonstraram que os problemas de deslocação não se resolvem com novas infraestruturas rodoviárias, que atraem e induzem mais trânsito automóvel.
Resolvem-se com investimentos acertados no triângulo sustentável: nos transportes públicos, no andar de bicicleta e no andar a pé.
Julgo que há um erro nos estudos ou na sua interpretação, para concluir que apenas 2% das deslocações que passam na cidade são trânsito de passagem. Pelo que me parece, a interpretação de trânsito de passagem adoptada é a de “trânsito com origem E destino fora do CONCELHO”. Porque não “trânsito com origem e destino fora da CIDADE”? E porque o trânsito com origem com origem OU destino fora da cidade simplesmente não é considerado?
Sim, aquele que apenas “atravessa o concelho” são 2%. Dentro do concelho são 79%. Restam 19%, que têm origem OU destino no concelho.
Portanto, o grosso do problema está nos 79%, onde 53% são de carro e até 3km.
O tráfego de atravessamento é todo aquele que não está nem a iniciar nem a findar a deslocação, normalmente considera-se o quilometro inicial e o final como tráfego local, o restante é de atravessamento do local em questão.
Chamar “tráfego de atravessamento” apenas ao tráfego intermunicipal que cruza Braga, sem ter origem nem destino no município de Braga, é ridículo e de gritante incompetência no assunto. Alguém de São Mamede de Este que se desloca para o Algarve, para este senhor não faz tráfego de atravessamento em todo o município, porque tem origem em Braga. Alguém de Palmeira que use a circular junto ao BragaParque para se dirigir para Lisboa, Guimarães, Fafe, etc, também não, é tudo tráfego local na cabeça deste senhor.
Uma cidade tem que ser dividida em células e a infraestrutura rodoviária tem que distribuir os automóveis pela zona a que dizem respeito na cidade. Só na fase inicial e final da deslocação é aceitável que esse tráfego invada as ruas e avenidas que apenas dizem respeito a essa zona da cidade (ruas locais, e distribuidoras locais). Este senhor manda destruir a circular urbana de Braga, a via estruturante regional mais importante da cidade, e manda atirar com o tráfego para as ruas e avenidas locais.
Caro ortodontista.
O tráfego que fala corresponde a 19% do total de deslocações. Se lesse o texto perceberia isso.
Obrigado.
Ler com atenção o que escrevi, ajuda. Em relação ao autor não tenho grande esperança.
Li com atenção o texto, e é hilariante “O tão badalado “tráfego de atravessamento” resume-se a 2%.”, é o topo.
O estudo do quadrilátero divide o município em 8 zonas onde a cidade consolidada fica divida em três áreas, já é alguma coisa.
Eu li com atenção o que eu escrevi. Não precisa de ter esperança.
Um sono de 13 anos é ainda mais hilariante.
Partilhe, por favor, as suas investigações e projetos que fez e executou sobre a mobilidade no quadrilátero e em Braga. Dê lá algum crédito à sua louca teoria de que temos tráfego de atravessamento que é imenso e que justificam valores catastróficos de dinheiro em túneis e mais túneis que só rebentam com a mobilidade urbana.
A moral e o pedestal da superioridade estão aí, o texto é que é uma desgraça.
Quando não há conhecimento, dizem-se coisas dessas. Tem razão.
Quanto ao texto é meramente a sua opinião. Vale o que vale.
Evidências suas é que nada.
Boa hibernação,