As cidades de hoje, se alguma vez quiserem ser cidades do futuro, têm de se desenhar de uma forma inteligente e ponderada. Braga, nos anos 80 e 90 fez exatamente o contrário e, até à data, ainda não se conseguiu reverter esse desígnio de cimento e tráfego. Há erros gravíssimos de design na nossa cidade que a levam ao terceiro lugar no que toca a cidades poluídas em Portugal – uma rodovia que se comporta como uma autoestrada, uma circular que deveria ser externa e que divide a cidade em dois, túneis que trazem o trânsito pesado ao centro da cidade -, estruturas que não podem ser demolidas de um dia para o outro, mas isso não pode servir de desculpa para a inércia e é isso que temos visto no que toca a Braga – um rol de boas intenções e bonitas promessas e muito pouco chegou às ruas da cidade.
Uma das primeiras regras do bom design é a identificação do problema e não me parece que o atual executivo olhe para o trânsito de Braga como um problema a resolver. Nos últimos anos fizeram-se estudos em cima de estudos, planos e reuniões, experiências pontuais nas semanas da mobilidade, mas, em quatro anos, vimos muito pouca ação. Se a primeira regra do design é a identificação do problema, a segunda, e mais importante, é a resolução do mesmo e a esse nível, as questões de tráfego em Braga em 2013 são exatamente as mesmas em 2017. Ainda temos, como em 2013, uma rede ciclável inexistente, os mesmos raros pontos de estacionamento de bicicletas, engarrafamentos às portas de todas as escolas, alta velocidade automobilística no centro da cidade, estacionamento caótico e uma rede de transportes públicos ineficiente. Tudo na mesma e longe daquilo que seria uma Braga do futuro.
Gosto de pensar que com tantos estudos e tempo para ponderar o problema, Braga terá um rede ciclável realmente bem desenhada, com intersecções que evitem a sinistralidade, que ligue os pontos estratégicos de forma a ser funcional, e não apenas a pista da moda, como tem ocorrido em tantas ciclovias das cidades portuguesas. Gosto de pensar que a rede ciclável desenhada pelo atual executivo terá como função alterar o paradigma de mobilidade da cidade, mas está na hora de pôr os planos em prática e não esperar mais uma legislatura para chegarmos ao futuro. É que o futuro, meus senhores, não é daqui a 20 anos. O futuro é hoje.