Sempre que surge uma notícia associada às bicicletas nas redes sociais, eis que surgem de rajada os ciclistas de bancada, com os estereótipos e o preconceito como pano de fundo. Verdadeiros especialistas em disseminar mitos urbanos sobre as bicicletas, sobre os seus utilizadores e sobre o uso que estes fazem destas. Estes ciclistas de bancada têm dois denominadores comuns, um o facto de não serem utilizadores regulares da bicicleta, outro o facto de, quando confrontados com os factos, longe dos seus achismos, partem para o ataque. Os utilizadores falam apenas em ter a infra-estrutura e a segurança a que têm direito e na volta ouvem termos como “ciclonazis”. Grave, no mínimo!
Há comentários cliché e há comentários verdadeiramente criativos. Destes últimos há uns que, para mim, se destacam, ou seja, comentários associados a ambulâncias, onde pessoas que não andam de bicicleta nem conduzem ambulâncias fazem juízos de valor sem base para isso. Para eles as bicicletas são um estorvo para as ambulâncias, tal como os pilaretes, os semáforos e não só. Tudo estorva as ambulâncias, menos os carros, pois claro. Lembro-me de em 2019 ter ido a uma ocorrência ao centro de Braga e o único local onde poderia ter parado estava barrado com dois carros estacionados de forma irregular. Depois o caos foi culpa dos pilaretes, imagine-se!
Eu sou um sortudo, já que além de ser um experiente peão e ciclista, sou também um experiente automobilista e um experiente condutor de veículos de emergência. Centenas de milhar de km feitos em veículos de emergência, parte deles em Braga. Curiosamente, ou não, nunca tive problemas com ciclistas, independentemente do ponto da cidade, Maximinos, S. Victor, Gualtar, Fraião ou outros pontos da cidade e arredores.
Em emergência eles ouvem a ambulância e facilitam. Sem ser em emergência fazem o mesmo e, aí, não tenho problema algum esperar até os poder ultrapassar, ao contrário da maioria, que anda muito nervosa na estrada. São vidas que ali vão! Chegado ao centro de Braga, eis que me deparo com os problemas reais, carros a mais, muitos em cima do passeio ou em segunda fila. Tantos apenas com um passageiro e para viagens curtas. Um grave problema de mobilidade urbana! Quando conseguiremos nós erradicar os estereótipos, o preconceito e os mitos urbanos associados às bicicletas? Quando conseguiremos conviver e partilhar uma via comum e não exclusiva? A resposta é só uma, quando formos mais a andar de bicicleta. E não é um capricho, mas sim um direito!