Melhoria contínua para uma melhor cidade

As organizações que se preocupam com o seu desempenho devem procurar ter uma atitude de melhoria contínua, para assim conseguirem, com um conjunto de pequenas atitudes, ganhos significativos. O somatório dos pequenos ganhos acaba por ter um impacto grande. Claro que isto não é suficiente quando os problemas atingem determinadas dimensões, mas, ainda assim, esta abordagem de “pequenos ganhos” deveria estar assimilada na C.M. Braga (i.e., em todos os seus colaboradores), nomeadamente nas questões de mobilidade que são aquelas que aqui nos preocupam.
O executivo camarário poderia aplicar esta abordagem de forma mais recorrente, mas infelizmente não se constata isso. Vou aqui dar alguns exemplos de pequenas intervenções que melhorariam Braga.

1. Na Rua do Raio existiram, durante algum tempo, pilaretes a separar a faixa BUS da faixa normal. Por razões que desconheço, os pilaretes foram retirados e a consequência foi novamente assistirmos a estacionamentos em segunda fila, acabando assim com a utilização da faixa BUS apenas por transportes públicos. Deveriam ser recolocados os pilaretes em toda a extensão da rua. Essa rua tem quatro parques de estacionamento, pelo que não seria preciso existir estacionamento à superfície. Esse espaço deveria ser organizado para modos ativos (peões, bicicletas) e para colocação de árvores, que tanta falta fazem nessa rua.

2. No centro da cidade de Braga, com o executivo de Ricardo Rio, nenhuma artéria passou a ter circulação limitada aos automóveis, ou seja, nenhuma passou a ser classificada como pedonal. Mesmo a rua de São Vicente e parte do Largo dos Penedos, que parecia que iam ser essencialmente para uso pedonal, continuam a servir para estacionamento e circulação de carros, com a evidente degradação do piso. Outras artérias poderiam facilmente ser transformadas em pedonais (Rua do Anjo, Rua de Santo António, Rua D. Gonçalo Pereira e Rua do Burgo), mas não há capacidade para fazer estas intervenções, pois o mindset camarário é manter o espaço dedicado ao automóvel.

3. As artérias que ficam junto às escolas, por regra, não deveriam ter circulação de carros. Por exemplo, na Rua Dr. Domingos Soares, que dá acesso à entrada principal da Escola Sá de Miranda, não deveria ser permitida a circulação de automóveis (e muito menos que se pudesse lá estacionar). Deveria ser um espaço para os estudantes e professores poderem usufruir. Os passeios dessa rua são ridiculamente estreitos, quer junto ao Sá de Miranda, quer junto à Igreja de São Vicente. Neste último segmento da rua, em contas por alto, eu diria que 90 a 95% da largura está dedicada aos automóveis, que chegam a estacionar em 3.ª fila, tal o espaço que lhes está reservado. Junto à Escola Francisco Sanches, também não deveria ser permitida a circulação na Travessa do Taxa. Em frente à barbearia, é recorrente estarem estacionados carros no passeio, já de si exíguo, obrigando os peões, na maioria alunos menores de idade, a circular pela via automóvel. A Travessa do Taxa é mais um espaço que deveria estar reservado para peões.

4. Várias praças de Braga têm estacionamento subterrâneo e à superfície, mais uma vez numa tendência em que o espaço é todo ele reservado ao automóvel. Refiro-me, por exemplo, à praça em frente ao Hotel Turismo (atualmente Mercure Braga Centro) e a parte do Largo de Infias por cima do Pingo Doce. Essas praças poderiam ser transformadas em zonas de fruição com árvores, bancos e outros equipamentos urbanos.

5. Muitos dos semáforos em Braga são “burros”, i.e., têm uma temporização fixa que não se adapta ao trânsito. Isto é especialmente grave em artérias de grande circulação. No Largo Senhora-a-Branca, é comum vermos filas intermináveis na Rua de Santa Margarida; no cruzamento da rua Gabriel Pereira de Castro com a Praça Alexandre Herculano (junto à Central de Camionagem), vemos filas gigantes na Rua dos Chãos. Não tenho dúvidas que uma semaforização um pouco mais inteligente resolveria estes problemas.

6. A Rua dos Biscainhos merecia outro perfil de utilização. A solução lá implementada é a pior de todas, pois não há necessidade de só se circular num sentido, limitando o acesso à estação de comboios. A rua deveria ser usada nos dois sentidos apenas por autocarros, táxis e pelos modos suaves. Esta alteração permitia “acalmar” a rua, valorizava enormemente o museu, que está agora a ser recuperado, e aumentava o número de visitantes.

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