Iniciação à liberdade

Nunca senti a falta de ter e saber andar de bicicleta. Na minha infância e adolescência não conhecia ninguém que o fizesse. Quis o destino que viesse a partilhar a minha vida com alguém que, a partir de determinada altura, se tornasse um fervoroso adepto desse veículo. À medida que o tempo passou alguns amigos foram surgindo partilhando o mesmo gosto. E, claro, foi uma questão de tempo até começarem a organizar passeios, passeatas e aventuras. E eu ficava. Que remédio!…

A cada regresso ou a cada encontro ouvia sempre um: “tens de aprender a andar de bicicleta. A sério, tens de vir connosco. Tu vais adorar!”. E eu respondia: “vocês estão mas é malucos. Acham que é fácil, com a minha idade? Nem pensem nisso!”.

(Ah, esqueci de referir que eu tenho 59 anos. Não é muito, mas é um bocadinho, e que, para complicar, fui submetida a uma operação à coluna em finais de abril deste ano – 2022. Tinha muito, muito medo).

Porém, perante tanta insistência, pensei: “tentar não custa”. E tentei uma ou outra vez mas não correu bem e estava disposta a não pensar mais no assunto. Já eles, não desistiam!

Um dia fui confrontada com a existência de um grupo de pessoas que, gratuitamente, se juntavam no primeiro sábado de cada mês na Praça da Justiça para ensinar a andar de bicicleta – a Braga Ciclável. Disse que sim, convicta de que não iria dar em nada. Pensei inclusive que seria a única adulta a comparecer no local e que iria “passar vergonhas”.

Sim, é verdade. Era a única adulta e senti-me envergonhada mas garanto que depressa passou e valeu bem a pena. A equipa tratou de me por confortável: depressa fiquei a saber haver mais adultos como eu e até com mais voltinhas ao sol.

A experiência deles deu frutos. Por incrível que pareça (a mim ainda me parece um milagre) nesse mesmo dia, ao final da manhã, saí de lá conseguindo equilíbrio na bicicleta, andar em linha reta e fazer curvas largas.

Nunca mais parei.

No mês seguinte, como forma de agradecimento fui de bicicleta oferecer-lhes um bolo. Oferta pequena, aliás, para o muito que me deram.

Hoje em dia (três meses passados) vou de bicicleta passear, às compras, à fisioterapia… só a chuva e a noite a mantém parada mas conto resolver isso em breve!

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