Não se trata de um erro ortográfico: “Hurbanidade” no sentido de unir o simbolismo de Humanidade com Urbanidade; “Ativa” no sentido de pretender chamar a atenção para a necessidade de intervenção política, e também, de cativar para a mobilidade ativa. “Hurbanidade ativa” é algo que falta, frequentemente, no sentido político da ação e no sentido da atitude individual, diária.
O termo urbanidade remete para o sentido de respeito pelo outro, da ordem pública, do civismo. Se pensarmos em mobilidade urbana conseguimos relembrar, de imediato, inúmeras situações em que diferentes cidadãos se excedem, no trânsito, tanto ao nível da falta de respeito direto pelo outro, com utilização de linguagem imprópria; como, de forma indireta, pelo não cumprimento das regras de circulação. Como exemplos, desta última questão, referira-se o excesso de velocidade, o estacionamento onde apenas deveriam circular peões, cadeiras de rodas, carrinhos de bebés ou ciclistas; ou a colocação abusiva de esplanadas, que por vezes, colocam em causa a prazerosa pedonalidade.
No último relatório de sinistralidade rodoviária nacional, da ANSR, referente a janeiro e fevereiro de 2021, é possível destacar que o confinamento levou a uma redução de 19% na mortalidade global. À primeira análise afigura – se como um bom indicador, contudo, infelizmente, sabemos que não foi obtido pelo impacto de, eventuais, medidas de prevenção rodoviária: são, sim resultados obtidos pela diminuição global da mobilidade dos portugueses. Desse relatório, é possível destacar que os acidentes dentro das localidades correspondem a 67% do total. Logo após Lisboa e Porto, surge, destacado, o distrito de Braga.
Das infrações registadas, o excesso de velocidade é preponderante. Porquê? Teremos todos de manter uma vida diária de excesso, como se estivéssemos sempre atrasados?
Exige-se, de cada um, maior sentido de responsabilidade, maior respeito pelos outros, cumprindo o código, por vezes, até mais do que nos exigem. Sim, porque infelizmente, muitos autarcas, se ausentam das suas responsabilidades e não exigem algo mais aos automobilistas: não induzem a redução da velocidade necessária ao arruamento, pelo que não privilegiam ou defendem o peão, ou o ciclista.
Existem várias medidas que as autarquias podem implementar, ou facilitar a sua implementação , como a promoção de comboios de bicicleta no trajeto casa-escola-casa, algo que tem vindo a proliferar a nível nacional, mas não tanto como seria desejável, pela falta de condições de segurança para as crianças pedalarem; incentivo ao uso de aplicações, como a Finlandesa MaaS Global Oy, que permitam uma otimizada interação entre os transportes públicos e outros meios de deslocação, reduzindo o número de carros em circulação. Várias cidades europeias têm participado em projetos deste género, com ótimos resultados, potenciando a mobilidade ativa e o desuso do automóvel. Deseja-se, assim, que muitas mais adiram!