É urgente uma mudança na estratégia de mobilidade da cidade de Braga, tal como o atual executivo defendeu antes de ser eleito. Braga tem-se demonstrado uma cidade mais procurada para viver e mais visitada, o que levou ao aumento do trânsito rodoviário. Por consequência, o ar que respiramos tornou-se mais prejudicial, o nível de ruído aumentou e o tempo em deslocações também. A estação de monitorização de Frei Bartolomeu Mártires, em São Victor, registou valores relativos à qualidade do ar em 2017 superiores àqueles permitidos pela legislação nacional.
Aumentou também o número de pessoas que usam a bicicleta para se deslocarem na cidade. Basta estar atento às estradas em horas de ponta e às ineficientes e ainda insuficientes ciclovias da cidade. Se quisermos ser um pouco mais ambiciosos, podemos também contar muitos mais ciclistas urbanos imaginários em todas aquelas novas ciclovias que foram prometidas e tão bem vistas antes de a coligação ser eleita, e que até agora ainda não viram a luz do dia.
Não adianta pensar numa revolução da mobilidade com obras confusas com medo da mudança. Vejamos a história da cidade em busca de inspiração: o vereador Casais Baptista, mentor da criação da zona pedonal em Braga, foi protagonista de um episódio político que gerou grande controvérsia, desconfiança e oposição por parte dos comerciantes. Terminar com o trânsito rodoviário em algumas ruas da cidade gerou muitas dúvidas e discussões nos comerciantes instalados. No final, a força dos argumentos e as intenções do vereador prevaleceram e a cidade saiu beneficiada.
Em Braga, muitos são aqueles que já perceberam que a bicicleta é a sua melhor opção de mobilidade. Os ciclistas urbanos têm a consciência de que se movem suavemente sem comprometer o pulmão do seu vizinho, sem ocupar espaço desnecessário na estrada e no estacionamento, melhorando a cada pedalada a sua saúde e usufruindo da sensação de liberdade que o passeio de bicicleta proporciona.
A revolução das bicicletas vai-se fazendo, não com a força de vereadores determinados e competentes, mas sobretudo porque a força dos argumentos e as boas intenções alimentam a audácia dos ciclistas.
(Artigo originalmente publicado na edição de 14/04/2018 do Diário do Minho)