Do “Nem pensar!” ao uso diário da bicicleta foi uma questão de organização. Para uma mulher que diariamente carrega a casa às costas, utilizar a bicicleta no dia-a-dia para trabalhar e fazer o tudo o que é normal no quotidiano, era algo impensável. Onde ia eu carregar a bolsa, o saco do ginásio, a mala do escritório e ainda por cima de saia?! Da negação à solução, foram necessárias apenas duas coisas: sacos adaptados e vontade. A partir daí tudo o resto se mostrou facilmente contornável e afinal nem era assim tão difícil! Depois veio uma das perguntas que mais oiço: “E quando chove?”. Quando chove uso uma capa de chuva, problema resolvido. A verdade é que me molho menos agora do que quando andava a pé, acabaram-se os pés e os casacos encharcados no Inverno.E depois perguntam-me “Porque é andas de bicicleta?”. Porque não gosto de perder tempo. Se eu posso optar entre fazer um caminho de carro em 30m e de bicicleta em 10m, porque hei-de eu preferir a solução mais lenta e mais dispendiosa? Além de mais rápido é mais cómodo. E perguntam-me “mais cómodo como, se tens de pedalar?!” Muito mais cómodo porque enquanto que o carro geralmente fica a alguma distância do destino, a bicicleta me deixa-me à porta. Perco menos tempo e canso-me menos.
Todos os dias somos confrontados com carros estacionados em cima de passeios, nas zonas pedonais, a tapar garagens e todos os espaços possíveis e imaginários. Porquê? Porque as pessoas não gostam de ter de andar a pé para chegar à porta do seu destino, gostam que o carro as leve até lá, se pudessem entrar em casa com o carro, até isso fariam. Então, usem a bicicleta! Ocupam menos espaço, não desperdiçam dinheiro, não poluem o ambiente, não ocupam passeios e não chateiam quem gosta de andar a pé livremente nos passeios sem ter de fazer uma prova de obstáculos e “encolher a barriga” para conseguir passar.
E ainda obtém um bónus: um anti-stress natural. Ajudam-se a si próprios e o mundo agradece.
(Artigo originalmente publicado na edição de 18/7/2015 do Diário do Minho)