Escolher Braga para viver fez com que eu começasse, naturalmente, a usar a bicicleta como principal meio de transporte para as minhas deslocações diárias, talvez porque senti que os caminhos me puxavam para isso e que não precisaria de deixar no campo da utopia essa minha vontade.
Contudo, passados 9 anos já tive vontade de desistir por sentir, a cada dia, que vou contra a corrente. Uma corrente carregada de barreiras políticas, físicas, sociais e mentais que insistem em fazer desta cidade um espectáculo automóvel e antiquado.
Não será mesmo um sonho inconcebível pensar que a bicicleta poderia ter um papel determinante na transformação da nossa cidade?
O exemplo que observamos em outras cidades e noutros países, por todo o mundo, dá-nos razões para ter esperança e acima de tudo mostram-nos que é possível ter um cidade em que predomine a circulação de bicicleta. Mas quando olhamos para Braga, ficamos com a sensação que os nossos decisores políticos andam de olhos fechados pelo mundo, que não veem estes exemplos, que estão parados no tempo das facilidades ilusórias e pouco focados na harmonia e no verdadeiro bem-estar da população.
As mais recentes notícias sobre a circulação de bicicletas nas ruas do centro de Braga fez-me sentir que quem iniciou esta perseguição aos utilizadores de bicicletas não quer que a sociedade se reconcilie consigo mesma e não quer devolver às pessoas os lugares onde elas vivem.
Foi nessa semana que senti o culminar do meu desânimo porque com essa notícia senti tantos perigos a serem alimentados. Imaginei os poucos mas muito corajosos que utilizam a bicicleta no seu dia-a-dia a desistirem (porque nós tentamos o nosso melhor para podermos utilizar um dos modos mais suaves de deslocação, mesmo sem infra-estruturas, e ainda assim implicam sem fundamento e legalidade). Depois imaginei a satisfação dos automobilistas mais empedernidos a transpor o ódio para a estrada e por fim a tensão desnecessária entre peões e ciclistas.
Se o objectivo não é que deixemos de andar de bicicleta na cidade, por favor dêem-nos verdadeiros incentivos e alguns motivos para acreditar que vale a pena este contra-corrente.
É por todos nós e por todos aqueles que gostariam de chegar ao trabalho de bicicleta que não podemos desistir.
Muito má decisão proibir o uso da bicicleta no centro histórico, concerteza tomada por quem não a usa.