A cidade de Braga não aproveita de forma plena o potencial tecnológico no domínio da mobilidade. Muitos dos processos ligados à mobilidade não beneficiam do uso intenso de tecnologias de informação. Um significativo avanço foi dado recentemente quando os TUB (finalmente!) lançaram uma app (aplicação para telemóveis) que permite consultar em tempo-real informação relativa ao posicionamento dos seus autocarros em circulação. É uma app realmente útil, para se poder gerir as deslocações na cidade, especialmente porque os autocarros estão muitas vezes atrasados, devido aos muitos engarrafamentos e à inexistência de corredores BUS onde possam circular em condições mais previsíveis e fiáveis. Parabéns aos TUB por finalmente terem disponibilizado esta app. A informação que essa app disponibiliza deveria também ser mostrada nos painéis eletrónicos que existem junto de muitas paragens, sem uso há muitos anos.
Há muito a fazer ainda na introdução de soluções tecnológicas ao serviço de uma melhor mobilidade em Braga. Mas infelizmente parece não haver capacidade, neste executivo municipal, em operar esse investimento. Falta um misto de sensibilidade para a sua necessidade, de visão e de capacidade de concretização. A falta de concretização é mesmo o sinal de marca deste executivo, que raramente segue uma abordagem aos problemas típica dos engenheiros. Significaria isso que teria que olhar para os problemas que a cidade tem e concretizar soluções que os resolvam de alguma forma e que criem valor para os bracarenses. Há medo em avançar com soluções, em experimentar novas abordagens, pelo que se tem limitado a mexer sem (quase) nada mudar (e.g., obras na Av. Liberdade e na variante de Lamaçães).
O potencial de utilização das tecnologias nas cidades é quase ilimitado, haja visão para tal. As smart cities são uma área onde há tanta oferta que o difícil é escolher por onde começar.
Na semaforização, Braga precisa de soluções dinâmicas e inteligentes que ajudem o trânsito a fluir. O que vemos, na maioria dos casos, são semáforos com temporizações estáticas/fixas. Não é incomum vermos o sinal verde numa rua sem carros e nas outras os carros parados no vermelho. É uma situação não otimizada que poderia ser facilmente melhorada com tecnologia.
Também há soluções que permitem adaptar a velocidade recomendada numa dada via em função das condições que se observam num dado instante. São soluções que conferem mais segurança a todos os que circulam na cidade. A solução atual é estabelecer uma velocidade máxima, via sinalização vertical (ou horizontal). É fixo esse limite, esteja sol ou chuva, haja muito trânsito ou pouco, tenha havido um acidente na via ou não.
No controlo do estacionamento irregular, há várias soluções que, com base em imagens recolhidas nas ruas, detetam os carros em infração e os multam de forma automática. A cidade do Porto já tem essas soluções. É preciso investir em Braga em soluções desse género, que, num curto prazo, fazem baixar a quantidade de carros estacionados de forma irregular e que contribuem para uma cidade mais organizada e um trânsito mais fluído.
*Imagem cortesia de elenabs em istockphoto.com