A Braga Ciclável tem vindo a defender, ao longo dos anos, que a cidade tem todas as condições para implementar um sistema de bicicletas partilhadas (bike sharing). Um sistema de bike sharing devidamente integrado na rede de transportes públicos da cidade permitirá que a bicicleta seja mais uma solução de transporte público e levará a um aumento substancial do uso da bicicleta, com benefícios vários para a população.
Este sistema de bicicletas partilhadas, integrado na rede de transportes de Braga e já incluído no Plano Diretor Municipal (PDM), deverá seguir normas e critérios definidos internacionalmente e já utilizados em cidades como Paris, onde aliás fabricantes portugueses deste tipo de sistema têm já uma larga experiência.
A Mobilidade Urbana em Braga deverá incluir um sistema de bike sharing largamente disseminado por toda a cidade e com oferta adequada à procura, ou seja, nas zonas de maior procura haverá maior número de bicicletas disponíveis, permitindo assim aos que utilizam a cidade uma forma simples, rápida, segura, confortável e cómoda de se deslocarem.
A Braga Ciclável consultou, a título informativo, especialistas na área dos sistemas de bicicletas partilhadas acerca da dimensão que tornaria viável a instalação de um sistema de bike sharing em Braga. De acordo com os especialistas consultados, um sistema considerado ajustado à nossa realidade necessitará de ter um mínimo de 72 estações de bicicletas distribuídas pela cidade, com a disponibilização de pelo menos cerca de 1200 bicicletas.
O Presidente da Câmara de Braga, Dr. Ricardo Rio, admitiu recentemente, em declarações à Rádio Universitária do Minho (RUM), ser possível considerar tal solução e que a oportunidade de criar uma valência de bicicletas partilhadas seria algo a equacionar dentro do vasto conjunto de iniciativas de promoção de mobilidade sustentável que o Município está a preparar.
A estratégia Europa 2020 da Comissão Europeia privilegia o crescimento Inteligente, Inclusivo e Sustentável através da promoção de uma economia mais eficiente em termos de utilização dos recursos, mais ecológica e mais competitiva. O Desenvolvimento Urbano Sustentável é assim um desafio que neste momento se coloca às cidades que, de uma forma crescente, vão promovendo práticas mais sustentáveis, desenvolvendo os transportes públicos, mas também incentivando ao uso das modalidades suaves de deslocação – a pé e de bicicleta – como modos complementares de as pessoas efetuarem as suas deslocações.
A cidade de Braga não deve ficar para trás nesta área tão importante!
O que é o Bike Sharing?
Convém notar, em primeiro lugar, que um sistema de partilha de bicicletas é diferente de um sistema de aluguer de bicicletas. No bike sharing as bicicletas estão em circulação ou paradas numa estação e sempre disponíveis para quem delas necessitar, havendo geralmente um serviço permanente de reposição para evitar que as estações fiquem vazias. Há já empresas em Braga que oferecem o serviço de aluguer de bicicletas, onde os utilizadores dão o uso que entendem à bicicleta de acordo com o contratado, mas ainda não temos um sistema global de bicicletas partilhadas.
O Bike Sharing permitirá, a título de exemplo, que quem chega à central de camionagem de autocarro e se pretende deslocar rapidamente para o Largo Carlos Amarante ou para o Campus de Gualtar da Universidade do Minho, utilize a bicicleta.
O Bike Sharing poderá obedecer a vários modelos de organização. Pode ser 100% público, pode ser 100% privado ou pode ser 50% público e 50% privado. No caso de se optar por um modelo com participação pública, consideramos que faria todo o sentido os Transportes Urbanos de Braga (TUB) assumirem a sua gestão, uma vez que a rede de bicicletas partilhadas ficaria integrada com a rede de transportes da cidade, tal como acontece em vários pontos do mundo, permitido por exemplo utilizar o mesmo passe ou bilhete tanto para o autocarro como para a bicicleta. O utilizador teria assim a vantagem de poder optar em cada viagem pelo meio de transporte que lhe fosse mais conveniente e vantajoso.
Este é um tipo de sistema de transporte que tem sido implementado em muitas cidades mundiais, sempre com feedback positivo dos habitantes e turistas que o utilizam.
3 anos depois e uma vergonha que uma cidade como Braga ainda nao tenha nada feito para tornar este projecto uma realidade.