Não há muitas pessoas que têm conhecimento sobre isto, contudo, a bicicleta foi um dos propulsores para o empoderamento feminino assim como para a emancipação das mulheres no século 19. A bicicleta trouxe-lhes independência na mobilidade urbana, mas principalmente, coragem, respeito pelas próprias e auto-confiança.
Hoje em dia o número de mulheres que se movimenta no seu dia-a-dia de bicicleta não é significativo. É, de facto, tão pequeno, que quando vejo outra mulher a andar de bicicleta na cidade fico em êxtase. Quase que consigo ouvir os comentários “não andam porque não querem”, “se já no carro são um perigo, então de bicicleta ia ser um desastre”, entre outros… A existência destes estereótipos alarga-se à utilização da bicicleta também, assim como os comentários agressivos que vários homens tecem e desmotivam qualquer mulher a sentir-se confortável a andar de bicicleta ou a pé. Para não falar no desconforto que é entrar em algumas oficinas.
Obviamente é mais comum ver homens a andarem de bicicleta, mas não é porque correm menos riscos ou têm mais experiência. Está cientificamente provado que as mulheres tendem a participar menos em atividades quando estas são percepcionadas como perigosas, ao contrário dos homens. Assim, a quantidade de mulheres a pedalar é um excelente indicador da segurança que as infraestruturas de uma cidade oferecem para quem pedala.
Da escassez de mulheres que se deslocam em bicicleta em Braga, é possível tirar uma única conclusão: a cidade não está construída para oferecer segurança para quem usa meios de transporte que não o carro. Logo, é natural que as pessoas prefiram não correr riscos. Porque é isto que andar em Braga de bicicleta significa correr riscos, não é uma experiência agradável. Principalmente quando há carros em todo o lado na cidade, não há faixas protegidas e o ar que se respira é insuportável, quase inteiramente, devido à poluição dos automóveis.
Tomei a decisão de deixar o carro e movimentar-me de bicicleta, a pé e de transportes públicos. Por ser a opção mais sustentável, menos destruidora do ambiente, mais saudável para o meu corpo e para a minha mente.
É vital que num município com um presidente intitulado “mayor da sustentabilidade” construa uma cidade mais ciclável, segura e inclusiva, para ser possível ver mais mulheres e crianças a andarem de bicicleta, quer seja por desporto ou uma mobilidade mais funcional.