Até quando vamos ficar para trás?

Bicicletas partilhadas GIRA - Lisboa

Andar de bicicleta é para mim a maneira mais eficiente de fazer os 4km que separam a minha casa do trabalho. No melhor caso, a viagem de carro é mais demorada do que de se a fizer de bicicleta em ritmo de passeio. Tem um custo irrisório para a carteira, para a cidade e apenas preciso do tempo de prender a corrente para a “estacionar”. Estas vantagens não são apenas sentidas por mim. A cada mês que passa, cruzo-me com cada vez mais ciclistas nas minhas deslocações diárias.

Apesar de todos os benefícios e do maior número de ciclistas na estrada, Braga ainda está longe de ser uma boa cidade para andar de bicicleta. Muitos condutores não respeitam o limite de velocidade de 50 km/h nas vias partilhadas da cidade e as ciclovias existentes são em número reduzido e ineficientes. Ou não ligam pontos de interesse, como a da encosta de Lamaçães, ou são cortadas em parte importante do seu percurso. A ciclovia da Rua Nova de Santa Cruz não tem ligação à Rua D. Pedro V, obrigando muitos ciclistas a pegar na bicicleta à mão para usar a ponte pedonal. Este é um importante percurso que liga a Universidade do Minho ao centro da cidade de Braga.

Para incentivar o uso da bicicleta e proporcionar uma melhor experiência, a Câmara Municipal de Braga prometeu mais ciclovias como parte de um novo plano de mobilidade. Mas não tem passado disso mesmo, um plano no papel. Em 2014 foram prometidos 70 km de ciclovia no concelho que chegariam à porta de 100 mil bracarenses. Passado 4 anos, essas propostas não só não foram executadas como pouco mais se sabe sobre elas. Não existem datas nem foi lançado nenhum concurso público para adjudicar as obras. Ironicamente, houveram propostas feitas em orçamento participativo para novas ciclovias que foram rejeitadas pela câmara justificadas precisamente com este novo plano de mobilidade que tarda em arrancar.

Braga está a perder esta corrida da mobilidade. Lisboa vai passar de 80km de ciclovias para 200km até 2020 com o plano actualmente em execução além de ter implementado um sistema para aluguer de bicicletas que está a ser um sucesso, o GIRA. Uma cidade que tem filas gigantescas de trânsito, foi “obrigada” a mudar. Outro exemplo, Bragança tem hoje 22 km de rede ciclável, tem um sistema semelhante ao GIRA para aluguer de bicicletas e a câmara municipal adquiriu também novos autocarros eléctricos que permitem o transporte de bicicletas, fomentando um sistema multimodal de mobilidade.

Duas cidades, de dimensões diferentes que estão a implementar políticas de mobilidade amigas da bicicleta. Não são casos dinamarqueses e holandeses longínquos, estão a acontecer em Portugal, recorrendo a fundos comunitários para melhorar o transporte e a mobilidade dos seus habitantes. Até quando vamos ficar para trás?

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