No dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional das Mulheres, dia esse, importante, que nos recorda as conquistas e lutas das mulheres ao longo da história em prol dos seus direitos e contra o preconceito. Estando esse dia próximo no calendário, não podia deixar de usar este artigo, para lembrar a importância da bicicleta na emancipação da mulher.
Liberdade é a palavra de ordem, pois foi sem dúvida este o modo de transporte que impulsionou a mulher nas suas deslocações, não precisando de depender de homem nenhum para as levar onde desejavam ir.
Conquistaram assim o poder de andar mais sozinhas, sem a presença masculina, em espaços públicos fosse para ir trabalhar ou simplesmente por lazer.
Mudou também a forma de vestir. A partir do momento em que as mulheres começaram a pedalar, adaptaram também o vestuário, deixando as roupas apertadas e que limitavam os movimentos, dando lugar a roupa mais pratica e confortável que lhes permitisse uma melhor e mais segura utilização deste modo de transporte. É a partir do momento em que as mulheres se deslocam de bicicleta, que deixam de usar apenas saia, deixando as calças de ser apenas vestuário masculino.
Apesar das dificuldades que passaram em mudar a mentalidade masculina, que diziam que esta prática influenciava a fertilidade feminina, sou grata a todas as mulheres que um dia lutaram por os seus direitos.
É graças a essa luta que hoje posso dizer que sinto uma certa liberdade ao usar a bicicleta no meu dia a dia. Ela leva-me onde for preciso, indo mais rapidamente a sítios onde a pé demoraria mais tempo; e nem depois de ser mãe este uso se tornou um entrave às minhas deslocações. Existe atualmente uma panóplia de opções para o transporte de crianças em bicicleta. Não tenho de me preocupar com os horários dos transportes públicos. O transito não me afeta tanto, como se tivesse de conduzir um carro, etc. Mas para me sentir completamente livre apenas precisava de sentir mais segurança.
Liberdade deveria ser também hoje a palavra-chave para todos aquele que preferem a bicicleta para se deslocar no seu dia a dia, quer mulheres, quer homens, o problema prende-se não nas questões de género, mas por algo muito importante que se chama segurança.
Neste momento, acredito que a pouca adesão a este modo de transporte por parte de mulheres, e não só, deve-se à inexistência de uma organização por parte da cidade, na criação de vias e melhoramento do transito, amigos da bicicleta e outros transportes que não sejam o carro.
Aguardo o dia em que, como em anos passados, possamos também ser livres de escolher o modo de transporte que melhor se adapta ao nosso quotidiano, sem que, para isso, tenhamos de colorar a nossa vida em risco.
Como forma de sensibilizar todos para as questões da mobilidade na cidade, a Braga Ciclável irá organizar um passeio de bicicleta durante este mês, alusivo ao Dia da Mulher, e conta com a participação de todos que são sensíveis às questões da segurança e claro ao empoderamento feminino, para que juntos possamos pedalar em direção à mudança.