A frase que dá título a este texto é válida por si só e poderia servir de título a um texto a respeito dos cinquenta anos do 25 de Abril. Embora esse tema não fosse desajustado do mundo e do calendário, é sobre outra Liberdade que vou escrever. Refiro-me à Avenida da Liberdade, cujas obras se encontram em fase de conclusão.
De acordo com o Relatório da Qualidade de Vida nas Cidades Europeias 2023, publicado pela Comissão Europeia, Braga é a cidade em estudo onde uma maior fatia da população usa o automóvel no dia-a-dia: 70% das pessoas (do outro lado da tabela está Estocolmo com 28%). Por outro lado, se olharmos para os dados da plataforma Environmental Insights Explorer da Google, eles dizem-nos que o número de viagens de automóvel que começam e acabam dentro da cidade de Braga aumentou cerca de 30% desde 2018 até 2022. Estas viagens têm uma distância média de apenas 3 quilómetros e correspondem a um pouco mais de metade do total de viagens de automóvel que há no concelho. O seu aumento resulta no trânsito que vemos diariamente.
Resolver os problemas que surgem do aumento da população (6,5% entre 2011 e 2021) e das suas crescentes necessidades de deslocação, não pode passar pelas soluções centradas no automóvel de há uma ou duas décadas atrás. Os cidadãos confluem todos para os mesmos locais (escolas, centro da cidade, centros comerciais, etc.) e o terrirório da cidade e as suas vias de comunicação não alargam. Este é antes de mais um problema de espaço físico e da forma como o podemos distribuir eficientemente. Não é racional que enquanto comunidade o ocupemos crescentemente com automóveis para efetuar viagens com 3 quilómetros.
Desta forma é importante replicar a intervenção da Avenida da Liberdade noutros pontos da cidade, eventualmente com vias BUS. Não se trata de uma resposta à reivindicação de direitos para ciclistas ou peões, trata-se de convidadar os cidadãos a deslocarem-se a pé, de transporte público ou de bicicleta nos seus trajetos urbanos. Essa é a única forma de todos nos podermos deslocar melhor na cidade. Inclusivamente aqueles que têm que se deslocar de automóvel.