Se há mais de 400 mil deslocações no concelho de Braga, e se temos um modo de transporte que só leva em média 1,2 pessoas, então temos de investir num modo de transporte que leve centenas ou milhares de pessoas!
Reparem que um comboio da linha de Sintra tem uma lotação de 1600 pessoas! Um!
A Variante de Prado tem 9,2 km do Intermarché de Prado até ao Nó de Infias.
A Variante do Cávado teria 5,3 km do Nova Arcada até à CEPSA (ali a seguir à Estação da CP), feita em viaduto, custaria milhões de euros e suportaria duas filas de carros. Será sempre uma opção política pelo carro.
Porquê que as pessoas vêm de Guimarães de carro?
Porque de comboio demoram 2 a 4 horas, com transbordo em Lousado. De autocarro as ligações demoram entre 30 minutos (autoestrada) a 50 minutos (N101). Uma ligação entre duas cidades que têm a Universidade do Minho. Que há deslocações entre cidades que se fazem diariamente. Que partilham, desde o berço da nação, relações estratégicas para o País.
Porquê que as pessoas vêm de Barcelos de carro?
Porque de comboio demoram 1 a 2 horas, com transbordo em Nine. De autocarro as ligações demoram cerca de 30 minutos (autoestrada) a 60 minutos (N103). Uma ligação entre duas cidades que têm pólos do ensino superior e que há deslocações diárias entre cidades.
Estas são ligações a cidades dentro do Quadrilátero. Pode-se ainda acrescentar Vila Verde, Esposende, Ponte de Lima, e tantas outras ligações necessárias.
Então, porquê enterrar dinheiro em opções que incentivam a utilização do transporte individual, quando já vimos que não resolvem problemas?
Para as estradas, a torneira dos fundos europeus fechou-se há muito, porque se aprendeu que essa não é a solução. Mas para a Ferrovia não se fechou, pelo contrário.
Ao invés de se investir já milhões numa circular, porque é que não se investe numa ligação Ferroviária entre Guimarães, Braga (Ferreiros), Barcelos, Vila Verde, Esposende e Ponte de Lima? Têm dúvidas que as pessoas usariam? Que isso reduziria congestionamento, filas, trânsito, stress, e melhoraria a qualidade de vida da população?
Temos a experiência da linha Braga-Porto da CP que subiu exponencialmente o número de utilizadores desde que melhorou o serviço a partir de 2004, apesar de só ter 25 ligações diárias em comboio urbano das 04:30 às 23:30.
O tempo de construção é o mesmo destas variantes brutais de milhões de euros. O custo de construção não pode ser desculpa, porque há fundos europeus, há dinheiro, é uma aposta da União Europeia. E não me venham com a distância ou a população.
De Lausanne a Vevey são cerca de 20 km, Lausanne tem cerca de 130 mil habitantes e Vevey tem cerca de 16 mil habitantes. E têm comboio a cada 12 minutos. De Bussum a Hilversum são cerca de 5 km, Bussum tem cerca de 30 mil habitantes e Hilversum cerca de 90 mil habitantes. E têm comboio a cada 7 minutos.
Definam-se os traçados, efetuem-se as reservas de canal nos Planos Diretores Municipais, e chame-se o Governo para abraçar um projeto que será essencial, fundamental e transformador para o dia a dia das pessoas e da competitividade da economia regional e nacional.
Criem-se condições para as pessoas se deslocarem nas cidades e entre elas sem ser de carro, e as pessoas começarão a optar por outros modos de transporte.
O caminho terá de ser o da mobilidade sustentável, com maior investimento no andar a pé, de bicicleta, de autocarro e de comboio.
Antes de dedicar tempo a algumas mudanças comportamentais, é preciso reorganizar a infraestrutura e criar as condições para essas alterações.
A mobilidade induz-se.