Hoje, em Braga, é rara a altura do dia em que se olha para uma praça e não se vêem utilizadores de bicicleta. É uma mudança significativa face ao que sucedia há uns anos em que a bicicleta estava reservada aos jovens (rapazes) e aos desportistas. A cidade, principalmente no eixo Nascente-Poente, não apresenta grandes dificuldades para pedalar. Além disso, até distâncias de 5 quilómetros a bicicleta é o meio de transporte mais rápido face aos demais. Rapidez que se torna ainda mais evidente quanto o mesmo percurso nos obriga a ir a diversos locais, seja fazer diversos recados, seja para deixar o filho na escola a caminho do trabalho.Mas o aumento de utilizadores de bicicleta é um esforço exclusivo da própria sociedade civil. Não tem sido impulsionado nem acompanhado de medidas e políticas públicas que promovam a mobilidade ciclável. Há pouca informação sobre as poucas infra-estruturas existentes, é perigoso circular na maioria das vias e os edifícios públicos não estão preparados para bicicletas. E continua a não ser possível, por exemplo, ir descansado ver um espetáculo ao Theatro Circo, a uma feira ao PEB ou resolver qualquer assunto à CMB ou à loja do cidadão porque não há parques interiores seguros para deixar as bicicletas.
De facto, Braga é uma cidade que tem vivido para servir os carros. Ao observarmos com atenção qualquer praça ou rua do concelho constatamos o enorme espaço que ocupam os modos motorizados e as suas infra-estruturas. Nalguns casos, como nos bairros construídos nas últimas décadas, a quase totalidade do espaço público está reservada àqueles. E mesmo na área pedonal – que continua confusa, pouco pensada e mal regulamentada – dificilmente se pode deixar uma criança a pedalar livremente. Não é, por isso, pequena a tarefa que Braga tem pela frente. Uma solução para inverter este cenário desolador poderia passar por todos os meses se tomar uma medida efectiva a favor dos utilizadores bicicletas. Não é pedir muito e é um grande salto face ao que (não) tem acontecido.
(Artigo originalmente publicado na edição de 15/8/2015 do Diário do Minho)