A ciclovia de Lamaçães é de novo notícia por más razões: o abate (1ª lição) de árvores saudáveis continua. Quando a rigidez do projeto (2ª) é mais importante do que manter árvores adultas e a sombra que protege os peões ficamos logo conversados sobre a vontade real da Câmara de Braga de enfrentar as alterações climáticas (3ª).
O Portugal 2020, por imposição europeia, dedicou uma grande parte dos seus apoios à mobilidade, em particular, ao incremento dos modos suaves (peões e ciclistas). Todavia Braga, depois de gastar todos os milhões destes fundos, não terá qualquer rede ciclável (4ª) mas uns meros 0,8km a mais cicláveis. A Câmara insiste que são 7km usando um truque ridículo (5ª): soma os 0,8km de novidade ao troço existente e multiplica por 2 sentidos. É tão correto como dizer que a estrada Braga-Porto tem 100km por ter ida e volta!
Para acrescentar estes míseros 0,8km a Câmara vai gastar 2,7 milhões de euros (6ª). Recordo que a ciclovia original, inaugurada há 15 anos, custou 0,25 milhões (menos de 1/10!). A ciclovia de Ricardo Rio terá, portanto, um custo de 3,3 milhões por quilómetro. É infelizmente a opção habitual dos autarcas: os apoios comunitários não servem para fazer mais. Servem para fazer mais caro (7ª), recorrendo impunemente às opções mais dispendiosas (nos lancis, luminárias, materiais, etc).
Com estas opções políticas, a construção de uma rede ciclável que abranja a cidade é absolutamente insustentável. A este preço os 80km de ciclovias prometidos por Rio custariam 264 milhões, bem mais do que o Estádio!
Mas esta ciclovia sempre foi polémica por causa da sua localização: no dia a dia é periférica e inútil (8ª); enquanto equipamento de lazer tem uma envolvente perfeitamente desinteressante (9ª) e anda ao lado duma via bem poluída (10ª). Nos últimos anos com o licenciamento de várias superfícies comerciais e drive-ins desenhados para apenas servir automobilistas (11º) o ambiente urbano piorou.
Para quê gastar mais dinheiro aqui em vez de criar uma rede ciclável com intervenções nas avenidas principais (12ª)? Fico com a certeza que a Câmara não tem coragem de intervir onde é estruturante (rodovia) mas quer fingir que faz alguma coisa “moderna” (13ª).
Por fim, salta à vista a lentidão (14ª). Enquanto Braga está há mais de 3 anos à volta desta ciclovia quase inútil, a Câmara de Paris com um pequeno orçamento pôs a funcionar, em maio de 2020, 50km de coronapistes (15ª), ciclovias destinadas, em tempos de pandemia, a incentivar as deslocações individuais, combatendo a poluição. Estas ciclovias reforçam a já extensa rede ciclável da cidade, criando alternativas (16ª) quer aos automóveis particulares quer aos transportes coletivos. Em setembro a autarca parisiense anunciou que as coronapistes serão permanentes. Mesmo com tanto dinheiro europeu, em Braga a Europa é uma miragem!
Será possível enviar uma denúncia para as instituições da união europeia que atribuem esses fundos?
Olá Luís, fiquei triste em saber que Braga é deficitária quanto à ciclovias, pois recebi uma proposta de trabalho nesta cidade, sendo que moro no Brasil, não dirijo e gosto de pedalar.