Da rotunda do Santos da Cunha até à rotunda do Fojo são 7,5 quilómetros. Nesse comprimento temos sete Avenidas com vinte e cinco metros de largura. Aí, 80% do espaço é dedicado ao automóvel. Isso mesmo, vinte metros da largura destas avenidas são para o carro. E esta é uma das espinhas dorsais Este-Oeste da cidade – a par da ligação pela estrada velha e centro histórico, que é um segundo eixo estruturante Este-Oeste.
Estas sete Avenidas são cruzadas por um conjunto de duas avenidas naquele que hoje é o centro da cidade de Braga: A Rotunda das Piscinas. Este é o ponto central da cidade do século XXI.
Poucas são as deslocações que fazemos em Braga sem se utilizar pelo menos parte de alguma destas sete avenidas.
Um perfil com vinte e cinco metros de largura, em qualquer cidade cosmopolita e desenvolvida na Europa, hoje em dia não dedica 80% do seu espaço ao automóvel. Se os nórdicos aprenderam isso há 50 anos, os “nuestros hermanos” aprenderam há 20, e cidades como Sevilha, Valência, Vitoria-Gasteiz, Saragoça, Burgos, Pontevedra, Barcelona, Madrid, entre outras, fizeram intervenções nas avenidas em pleno coração da cidade.
O que têm em comum todas as Avenidas modernizadas nessas cidades espanholas e em tantas outras europeias? Têm ciclovias, têm muitos semáforos e passadeiras à superfície, têm corredores bus ou transporte público em canal próprio e continuam a ter espaço para o carro, mas em vez de 80% é 60% ou 40%, ou menos.
Em 25 metros de perfil, criar duas ciclovias unidirecionais é alocar 12% do espaço à bicicleta. O carro continuaria a ter 68% do espaço. Criar dois corredores BUS é alocar 24% do espaço ao transporte público. O carro continuaria a ter a maioria do espaço.
Se em vez de termos uma avenida com 80% para o carro e 20% para os peões, tivéssemos uma avenida com o espaço dividido da seguinte forma:
– 20% para os peões,
– 12% para a bicicleta,
– 24% para o transporte público e
– 44% para o carro.
Alguma vez isto pode ser ditadura da bicicleta ou do transporte público? Não. Será, evidentemente, uma divisão democrática do espaço público, assim exista vontade.
A pé é sempre melhor